Rodolfo Costa
postado em 21/02/2019 06:00
O governo e lideranças do PSL estão se mobilizando para apagar os focos de incêndio gerados pelas suspeitas de liberação de recursos do fundo partidário para candidaturas laranjas do partido do presidente Jair Bolsonaro. Mesmo depois da queda de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência, o governo ainda tenta gerir a crise. Já os líderes da legenda no Senado, Major Olímpio (SP), e na Câmara, Delegado Waldir (GO), procuram minimizar as acusações envolvendo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.Nas eleições, Bebianno ocupou o posto de presidente nacional do PSL. Álvaro Antônio era presidente do diretório estadual do partido em Minas Gerais. O ex-ministro da Secretaria-Geral é suspeito de autorizar a distribuição de recursos para campanhas fantasmas em Pernambuco. Já o ministro do Turismo é acusado de liberar verbas públicas para candidaturas laranjas na base eleitoral, segundo informações divulgadas pela Folha de São Paulo.
A saída de Bebianno causou constrangimento ao governo. Após a exoneração, áudios de conversas entre o ex-ministro e Bolsonaro foram vazados para a imprensa. A revista Veja os publicou na terça. O conteúdo mostra que os dois conversaram por WhatsApp, desmentindo a versão de que o presidente não teria dialogado com o ex-presidente do PSL quando ainda estava internado em São Paulo.
Para apagar o incêndio, Bolsonaro pediu que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, converse com Bebianno. Um áudio publicado ontem pelo jornal O Globo mostra a preocupação do presidente em relação às ações defendidas pelo ex-ministro, que é seu advogado, na Justiça. ;Se ele (Bebianno) me cobrar individualmente o mínimo (dos honorários advocatícios), eu tô f.... Teria que vender uma casa minha para poder pagar;, declarou.
Ao presidente, Onyx avalia que Bebianno não fará mais retaliações ao governo. ;Ele disse ao Jorge (provavelmente Jorge Oliveira, subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil): ;O que eu tinha para fazer, eu fiz ontem (terça-feira, possivelmente sobre o vazamento dos áudios). Eu não dou mais nenhuma palavra, acabou tudo ontem. Eu estou te dando a minha palavra;. Então, agora, no fim da tarde, para tu saberes, eu vou lá dar uma conversada com ele (Bebianno);, disse o ministro.
Os holofotes, agora, estão voltados para Álvaro Antônio. O ministro do Turismo cumpriu agenda marcada desde terça-feira e se encontrou a sós ontem com Bolsonaro, no Palácio do Planalto. Entrou e saiu sem dar declarações à imprensa. A assessoria do governo informa que ele foi tratar de assuntos da pasta. Apesar do desconforto, Major Olímpio saiu em defesa do correligionário, sustentando que é preciso aguardar as investigações. ;Não faço parte de laranjal, nem estimulo laranjal. Estamos construindo um grande partido e não vamos permitir qualquer tipo de mácula. Mas não vamos prejulgar qualquer circunstância que está em apuração;, destacou.
Para Delegado Waldir, manter o ministro do Turismo é o correto a ser feito. ;Ele tem que permanecer. Que crime cometeu? Qual prova tem contra o ministro? Não podemos rasgar a Constituição, que prevê o contraditório e ampla defesa. Se lá na frente se comprovar algo que ele praticou, vai ser punido rigorosamente;, declarou.