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Bunker de Paulo Vieira de Souza teria o dobro de dinheiro do de Geddel

Conhecido como Paulo Preto, o operador foi preso, nesta terça-feira, na 60ª fase da Lava-Jato

Agência Estado
postado em 19/02/2019 11:22

O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto

A Polícia Federal (PF) cumpriu 12 mandados de busca e apreensão e um de prisão na 60; fase da Operação Lava-Jato, chamada de Ad Infinitum. O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza foi preso em São Paulo.

De acordo com o delegado da Polícia Federal Alessandro Vieira, Souza deveria seguir para Curitiba (PR) ainda hoje, mas ficou em São Paulo a pedido do Ministério Público porque tem "compromissos judiciais" na capital relativos a outros processos, como uma audiência na manhã desta terça-feira.

"São pessoas investigadas e que respondem a outros processos criminais. Temos a sensação de que estamos diante de um ciclo interminável de corrupção e lavagem de dinheiro", afirmou o delegado.

De acordo com o procurador da República Roberson Pozzobon, Paulo Vieira participou de lavagem de mais de R$ 100 milhões. A operação envolve a Odebrecht e também investiga os outros supostos operadores do esquema Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Álvaro Novis.

Nos depoimentos, os operadores disseram que Paulo Vieira tinha um bunker para guardar propinas de mais de R$ 100 milhões e que chegava a colocar notas para "tomar sol" para evitar bolor. "O bunker de Paulo Preto (sic) tinha o dobro do bunker do Geddel (Vieira Lima)".

Policiais Federais apreendem caixas e malas cheias de dinheiro, em apartamento utilizado por Geddel Vieira Lima para guarda de dinheiro de propina, durante a Operação Cui Bono

Empreiteiras

Três empreiteiras transferiram recursos para conta do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza na Suíça, de acordo com o procurador da República Roberson Pozzobon.

Segundo Pozzobon, a Camargo Correa transferiu US$ 309 mil em 2008, a Andrade Gutierrez US$ 643 mil também em 2008 e a Odebrecht US$ 275 mil em 2007. A suspeita é que Vieira tenha ajudado a lavar dinheiro no esquema de corrupção investigado utilizando contratos e joint ventures de fachada.

Os investigadores descobriram entre os documentos uma solicitação para entrega de um cartão de crédito aos cuidados do ex-ministro das Relações Exteriores e ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), vinculado às contas do esquema.

"Considerando essa solicitação do cartão de crédito, solicitamos autorização para mandados de busca e apreensão nos endereços do ex-chanceler", afirmou Pozzobon.

De acordo com o procurador, trata-se de um esquema criminoso "complexo" que demandou a cooperação de países como Suíça, Bahamas, Cingapura e Espanha, que forneceram extrato das movimentações financeiras dos investigados. Ainda há a suspeita de que parte do dinheiro tenha sido transferida para Hong Kong e Taiwan.

De 2010 a 2012, a Odebrecht pagou R$ 45 milhões em propina a agentes da Petrobras somente nesse braço da investigação. Também são investigados os supostos operadores do esquema Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Álvaro Novis. "A relação entre os agentes criminosos e a Odebrecht vinha de outros carnavais. A partir de 2007, conseguimos identificar movimentações ilícitas entre eles", completou Pozzobon.

Defesas

A reportagem ainda não conseguiu contactar os citados. O espaço está aberto para as manifestações,

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