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Com provável demissão de Bebianno, Planalto foca na reforma da Previdência

Com a exoneração da Secretaria-Geral da Presidência prevista para ser publicada hoje no Diário Oficial, articuladores do Planalto vão atuar para que a demissão não dificulte a tramitação da reforma no Congresso. General Floriano Peixoto deve ser o substituto

Lucas Valença - Especial para o Correio
postado em 18/02/2019 06:00
Com a exoneração da Secretaria-Geral da Presidência prevista para ser publicada hoje no Diário Oficial, articuladores do Planalto vão atuar para que a demissão não dificulte a tramitação da reforma no Congresso. General Floriano Peixoto deve ser o substitutoO Palácio do Planalto começa a semana com uma missão: superar o turbilhão provocado pela demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, e tocar normalmente a agenda política programada, com foco na reforma da Previdência. Com exoneração prevista para hoje no Diário Oficial da União, os aliados do presidente Jair Bolsonaro terão que entrar em campo para evitar atritos na escolha do substituto (o general Floriano Peixoto é o mais cotado) e trabalhar para que a demissão não afete a relação com o Congresso. As duas primeiras sessões deliberativas na Câmara, na semana passada, colocaram em dúvida a capacidade de união do PSL e a consistência da base governista, que terá de aumentar o número de parlamentares para aprovar a proposta de mudanças nas regras previdenciárias.

Ontem, em entrevista à imprensa, Bebianno, disse que é ;hora de esfriar a cabeça;. A aliados, o ainda ministro disse que se sente traído e abandonado e não deve poupar o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, caso se concretize sua exoneração nesta segunda-feira. Em conversas, o ministro diz que o ;ciúme exacerbado; que Carlos tem do pai foi posto acima do projeto de melhorar o país, ao qual ele se empenhou nos últimos anos, como coordenador e incentivador da campanha de Bolsonaro desde os primórdios. Ao conquistar a empatia de Jair Bolsonaro, Bebianno virou automaticamente um alvo de Carlos, avaliam o ministro e seus interlocutores.

Bebianno, por sua vez, enxerga no vereador uma pedra no sapato do presidente, e só se refere a Carlos com adjetivos que desqualificam sua capacidade intelectual. O ministro pode guardar cartas na manga com o potencial de expor Carlos, inclusive com consequências para o pai. Pessoas próximas dizem que ele não terá receio em fazer isso. Por enquanto, no entanto, Bebianno está se resguardando. Ele quer aguardar o desfecho oficial de seu papel no governo, com a publicação de sua saída nesta segunda-feira.

Com a saída de Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência, o general Floriano Peixoto, que atuou na missão de paz no Haiti, deve assumir o cargo ; Bolsonaro fez o convite no sábado. Integrantes do PSL, no entanto, têm reivindicado a vaga. O partido do presidente teme perder espaço na Esplanada, já que não recebeu destaque durante a composição ministerial, que acabou por beneficiar o DEM. Contudo, o líder do governo no Senado, Major Olímpio (SP), garantiu que o posto foi de escolha pessoal do presidente e ;independe de cota partidária;. O parlamentar também chegou a defender uma ;harmonização; dentro do governo e que os ânimos sejam apaziguados.

Agenda

Convidado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para presidir a Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Casa legislativa, que travará um debate em torno da proposta previdenciária, o deputado e economista Mauro Benevides (PDT-CE) consultará a opinião partidária na reunião do diretório nacional amanhã. Segundo o parlamentar, que é homem próximo do ex-candidato à Presidência, Ciro Gomes, a relatoria da comissão deve ficar com algum representante do governo.

Benevides, no entanto, afirmou ao Correio que não é contra um sistema de capitalização, mas que a contribuição apenas por parte do trabalhador, semelhante ao sistema implantado no Chile, como se chegou a aventar pela equipe econômica, enfrentará problemas caso assuma mesmo a presidência da comissão. ;Não podemos abrir mão da contribuição patronal que é indispensável;, garantiu o congressista.

No entanto, o detalhamento da reforma da Previdência, pauta principal do Planalto, só deve ser apresentado pelo presidente e ministro da Economia, Paulo Guedes, na quarta-feira, no período da tarde. A proposta será encaminhada ao Congresso no mesmo dia. Pontos específicos, como a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, além de uma transição de 12 anos, já foram anunciados pelo Secretário Especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.

A semana, contudo, terá um forte empenho do Executivo que fará diversas reuniões e encontros com parlamentares da base. Antes de apresentar formalmente à sociedade, na quarta, Bolsonaro e o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, têm agendado um café da manhã com a bancada do PSL no Congresso. A intenção é uniformizar a pauta em defesa da reforma que é sempre considerada impopular pelos governos que já buscaram mudar o sistema previdenciário. Para enfatizar a importância da medida, o presidente vai fazer um pronunciamento à população.

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