Ontem, em entrevista à imprensa, Bebianno, disse que é ;hora de esfriar a cabeça;. A aliados, o ainda ministro disse que se sente traído e abandonado e não deve poupar o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, caso se concretize sua exoneração nesta segunda-feira. Em conversas, o ministro diz que o ;ciúme exacerbado; que Carlos tem do pai foi posto acima do projeto de melhorar o país, ao qual ele se empenhou nos últimos anos, como coordenador e incentivador da campanha de Bolsonaro desde os primórdios. Ao conquistar a empatia de Jair Bolsonaro, Bebianno virou automaticamente um alvo de Carlos, avaliam o ministro e seus interlocutores.
Bebianno, por sua vez, enxerga no vereador uma pedra no sapato do presidente, e só se refere a Carlos com adjetivos que desqualificam sua capacidade intelectual. O ministro pode guardar cartas na manga com o potencial de expor Carlos, inclusive com consequências para o pai. Pessoas próximas dizem que ele não terá receio em fazer isso. Por enquanto, no entanto, Bebianno está se resguardando. Ele quer aguardar o desfecho oficial de seu papel no governo, com a publicação de sua saída nesta segunda-feira.
Com a saída de Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência, o general Floriano Peixoto, que atuou na missão de paz no Haiti, deve assumir o cargo ; Bolsonaro fez o convite no sábado. Integrantes do PSL, no entanto, têm reivindicado a vaga. O partido do presidente teme perder espaço na Esplanada, já que não recebeu destaque durante a composição ministerial, que acabou por beneficiar o DEM. Contudo, o líder do governo no Senado, Major Olímpio (SP), garantiu que o posto foi de escolha pessoal do presidente e ;independe de cota partidária;. O parlamentar também chegou a defender uma ;harmonização; dentro do governo e que os ânimos sejam apaziguados.
Agenda
Convidado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para presidir a Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Casa legislativa, que travará um debate em torno da proposta previdenciária, o deputado e economista Mauro Benevides (PDT-CE) consultará a opinião partidária na reunião do diretório nacional amanhã. Segundo o parlamentar, que é homem próximo do ex-candidato à Presidência, Ciro Gomes, a relatoria da comissão deve ficar com algum representante do governo.
Benevides, no entanto, afirmou ao Correio que não é contra um sistema de capitalização, mas que a contribuição apenas por parte do trabalhador, semelhante ao sistema implantado no Chile, como se chegou a aventar pela equipe econômica, enfrentará problemas caso assuma mesmo a presidência da comissão. ;Não podemos abrir mão da contribuição patronal que é indispensável;, garantiu o congressista.
No entanto, o detalhamento da reforma da Previdência, pauta principal do Planalto, só deve ser apresentado pelo presidente e ministro da Economia, Paulo Guedes, na quarta-feira, no período da tarde. A proposta será encaminhada ao Congresso no mesmo dia. Pontos específicos, como a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, além de uma transição de 12 anos, já foram anunciados pelo Secretário Especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.
A semana, contudo, terá um forte empenho do Executivo que fará diversas reuniões e encontros com parlamentares da base. Antes de apresentar formalmente à sociedade, na quarta, Bolsonaro e o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, têm agendado um café da manhã com a bancada do PSL no Congresso. A intenção é uniformizar a pauta em defesa da reforma que é sempre considerada impopular pelos governos que já buscaram mudar o sistema previdenciário. Para enfatizar a importância da medida, o presidente vai fazer um pronunciamento à população.