As divergências entre os partidos que disputam as comissões na Câmara têm ficado cada vez mais evidente. Com direito à primeira indicação ; já que é o maior partido da coligação que reelegeu o presidente Rodrigo Maia ;, o PSL ficará com a Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ), considerada a mais importante da Casa. No entanto, a ambição do partido do governo passou a mirar também a segunda mais desejada, a Comissão de Finanças e Tributação (CFT). O impasse se dá, pois o MDB e o partido do presidente Jair Bolsonaro dizem ter feito um acordo prévio com Maia para ficar com a segunda rodada dos pedidos e não deve abrir mão da comissão.
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) lembrou que o acordo dos emedebistas foi firmado quando o partido decidiu apoiar a candidatura de Rodrigo Maia. Porém, o parlamentar diz não ver a legenda num ;cabo de guerra; com o PSL pelo comando da comissão. ;A mais importante mesmo é a CCJ, mas vamos discutir a nossa estratégia com relação às comissões na reunião desta terça (12/02);, contou.
Segundo o deputado José Priante (MDB-MA), não tem a possibilidade de a mesma legenda ter a presidência das duas principais comissões da Câmara, já que são as mais desejadas e mais importantes da Casa. ;Somos a segunda indicação, então devemos escolher a CFT, sim;, enfatizou o congressista.
O Correio revelou na sexta, que o deputado Heitor Freire (PSL-CE) chegou a afirmar que já há o entendimento de que a deputada Joise Hasselmann (PSL-SP) seja indicada pelo partido governista para a presidência da CFT, enquanto o parlamentar assumiria a primeira vice-presidência. A declaração mostra a intenção de integrantes do PSL de presidir o órgão.
Além de outros políticos confirmarem a intenção, o líder da legenda, Delegado Waldir (GO), garantiu à reportagem que o partido negociou a primeira e a segunda escolha com Maia. ;O MDB foi o último partido a apoiar Maia, além disso, tinha candidato próprio. No diálogo feito, nós ficaríamos com a primeira e segunda pedidas, assim, a terceira escolha será mais à frente, sem pressão;, afirmou Waldir.
O deputado Nelson Barbudo (PSL-MT) explicou, no entanto, que o líder do partido tem se reunido com a bancada para discutir o assunto, mas que ainda não há uma definição das três comissões que pretendem escolher. Porém, reafirmou o desejo da legenda de ter a CFT, além da principal da Casa. A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (Credn), contaram parlamentares governistas, pode ser uma das escolhas.
Oposição
Enfraquecido desde a eleição, o bloco da oposição, formado pelo PT, PSB, Psol e Rede, deve perder as principais comissões da Casa. Por mais que a Câmara conte com 25 comissões permanentes, estes partidos só começarão a escolher a partir da 14; rodada de pedidos. A liderança da minoria, no entanto, deve ser alternada entre o PSB e o PT em cada ano, respectivamente. O PDT e o PCdoB, que se consideram oposição, mas que estiverem no mesmo bloco com o PSL de apoio ao Maia, devem ter direito a escolher comissões melhores.