No ranking das reuniões com os setores econômicos, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, participou de 22 encontros com empresas de transportes, logísticas, financeiras e de transmissão de energia. Empatados em segundo lugar, com 20 agendas cada, estão os titulares das pastas de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Agricultura, Tereza Cristina. Receberam integrantes de áreas afins aos ministérios, como energia elétrica, óleo e gás, mineração, agronegócio e indústria alimentícia. Logo atrás, com 18 encontros, está o chefe da Economia, Paulo Guedes, que se reuniu com atores financeiros e de tecnologia digital.
O analista divide os planos do governo em duas partes: ;Garantir crescimento econômico ; as estimativas do mercado financeiro para o PIB são de 2,5% para 2019, 2020 e 2021, o que depende de privatizações e concessões ; e retirar do Estado a responsabilidade por esses investimentos, diferentemente do que ocorreu nos governos do PT, tanto por convicção ideológica quanto por incapacidade fiscal de fazê-lo;. O chefe da pasta da Transparência (CGU), Wagner Rosário, teve cinco reuniões com profissionais de relações governamentais.
Decreto
Em entrevista ao Correio, Wagner Rosário disse que o Planalto está prestes a divulgar decreto específico para regulamentar o lobby no Executivo. ;A ideia é estabelecer um espaço único para as agendas de ministros e facilitar o trabalho de checagem, apresentando os nomes dos interlocutores, os assuntos tratados e até mesmo as sanções para servidores que descumprirem normas, tudo em dados abertos.; O texto já foi apresentado ao ministro da Justiça, Sérgio Moro. A expectativa é de que os trabalhos estejam concluídos em março e sejam implementados até o final do primeiro semestre.Três perguntas para Rodrigo Navarro, coordenador do curso de relações governamentais da FGV
[SAIBAMAIS]Existe uma mudança na estratégia de relações institucionais no governo Bolsonaro?
Como todo novo governo, você tem mudanças de cargos, pessoas, responsabilidades, ministérios que se fundiram. O primeiro desafio é fazer esse mapeamento. É o tal do quem é quem. Até porque não é só a mudança de uma pessoa, ministro ou secretário. Hoje o ministério da Economia tem várias funções agregadas, por exemplo. É preciso saber quem será o interlocutor. Todo governo novo tem pressa em mostrar um bom serviço, e o profissional de relações institucionais tem de ter em mente que ele tem de criar valor, o que é bom para o setor representado, mas que seja bom também para o governo, para ele arrecadar mais, fomentar mais inovação, mais geração de emprego, mais investimento e também para a sociedade. É preciso levar dados, mas também apresentar sugestões para solução de problemas. É preciso o tempo de bola também para saber quais os assuntos estão na pauta. Conteúdo tem de ser meritório, a forma, transparente, trazendo dados, e o time. Por exemplo, buscar mais incentivo ou proteção ou aumentar o gasto público, certamente, por mais meritório, não é o time adequado.
Mas quais as diferenças?
No ponto de vista técnico, você tem o peso das ferramentas digitais. O presidente se comunica mais pelas redes sociais, questões são debatidas com muitos interlocutores. Uma proposta vaza e rapidamente é tema de discussão, por exemplo. Mas também temos os eixos dos interlocutores: o militar, a equipe econômica e a parte política, que atuou na eleição para a Mesa do Senado. É preciso entender o comportamento desses atores.
A gritaria das redes sociais atrapalha ou ajuda?
Às vezes, atrapalha, às vezes ajuda. Cabe a quem está no jogo tirar o melhor da situação. Um parlamentar que coloca o projeto dele ao escrutínio tem muito mais chances de acertar em relação àquele que recebe meia dúzia de pessoas no gabinete, ainda com transparência, para contribuir.
;A ideia é estabelecer um espaço único para as agendas dos ministros e facilitar o trabalho de checagem, apresentando os nomes dos interlocutores, os assuntos tratados e até mesmo as sanções para servidores que descumprirem as normas, tudo em dados abertos;,
Wagner Rosário, ministro da Transparência e Controladoria Geral da União (CGU)