Na avaliação da senadora Simone Tebet (MDB-MS), o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), é ;um homem de diálogo; e ela pretende ser a intermediadora das negociações do partido com a nova Mesa Diretora para negociar as presidências de comissões;. Segundo ela, o presidente do Senado telefonou para ela e disse que não vai excluir ninguém do MDB para integrar os postos importantes da Casa, desde que sejam os membros que queiram contribuir com a governabilidade. Logo, ao ver dela, o partido precisará "ter juízo".
A senadora lembrou que no momento, MDB precisará recuperar espaços perdidos nessa proporcionalidade agora dominada por PSDB e PSD. "E, para isso, vai ter que ter juízo, vai ter que ter entender que as regras do jogo mudaram;, frisou ela, acrescentando que o partido, se não souber negociar e se não tiver capacidade de se reinventar, "buscando os princípios democráticos e de ética", ele ;corre o risco de virar pó;. ;Eu vou advogar essa unidade dentro do partido para o bem do país, do Senado Federal e da governabilidade;, garantiu.
Contudo, Simone deixou claro que não continuará na legenda se houver resistência para essa mudança. ;Eu disse que não acreditava que um partido que tem democrático no seu nome iria expulsar um membro porque acompanhou a voz das ruas e da soberania popular e agiu com sua consciência dentro do Senado Federal. Agora, se for assim, não preciso ser expulsa. Sou a primeira a sair. Até porque eu sairei de qualquer forma, senão hoje, num futuro próximo, se o MDB não se reinventar. Eu não saí ainda mas o atual MDB, infelizmente, já saiu de mim;, completou.
Simone protagonizou o racha do partido durante a eleição para a Presidência do Senado, no último sábado, chegando a lançar candidatura própria e depois abandonando a sua em favor do democrata e se posicionando contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que abandonou a segunda votação do último dia 2 e saiu derrotado.
Mas a senadora reforçou que o partido ainda pode conseguir negociar com a nova Mesa porque o partido já perdeu a proporcionalidade. ;O partido precisará ter essa consciência e a humildade de reconhecer que há hoje um partido rachado dentro do Senado Federal e que há uma ala que mais se identifica com a pauta econômica do governo e com a presidência de Davi Alcolumbre. Se também for para um enfrentamento com esta Mesa Diretora, o partido terá dificuldade. Não podemos esquecer que a proporcionalidade foi quebrada;, afirmou.
A senadora destacou que o novo presidente do Senado tem disposição para dialogar com a legenda. ;Eu percebi da parte dele um desprendimento público muito grande;, disse ela, acrescentando que o MDB agora precisará entender que ala dentro do MDB ganhou e deverá ser indicada para presidir comissões na Casa para poder negociar com o novo presidente do Senado. Simone contou que está conversando com vários senadores que mostraram disposição em acompanhá-la nessa negociação e não descartou o interesse de presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, se o partido recuperar a proporcionalidade. Mas, para isso, ela ainda precisará que o líder do MDB na Casa, o senador Eduardo Braga (MDB-AM), indique o nome dela para essa comissão. ;A presidência da CCJ não pode ficar com o grupo derrotado dentro do MDB. Eu estou disposta a contribuir e se isso significar não pleitear a CCJ eu não pleitearei;, disse. Ela contou também que não foi convidada para a vice-presidência da Mesa Diretora ainda porque os partidos que apoiaram Davi Alcolumbre no primeiro momento, o PSDB e o PSD, já ocuparam esses espaços e agora o MDB precisará recuperar a proporcionalidade com companheiros que estejam em sintonia com a nova Mesa Diretora.