O ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado citou, em depoimento à Polícia Federal no Ceará, uma reunião entre senadores emedebistas na residência oficial do senador Renan Calheiros (MDB) com o suposto objetivo de discutir propina de R$ 40 milhões, que teria sigo paga pela JBS ao partido para apoiar a reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff. Os valores teriam sido indicados à holding pelo PT. O emedebista é pré-candidato à presidência do Senado.
Ele falou à PF no dia 4 de dezembro, convocado a prestar esclarecimentos no âmbito de inquérito aberto com base na delação de executivos do Grupo J. Machado já havia prestado estas informações em delação premiada, firmada em 2017. De acordo com os delatores do grupo, o pagamento milionário tinha o objetivo de "manter a unidade do MDB, devido ao risco na época dos fatos de que integrantes do partido passassem a apoiar formalmente a campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República em 2014".
O esquema teria beneficiado os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Jader Barbalho (MDB-PA), Eunício Oliveira (MDB-CE), Renan Calheiros (MDB-AL), Valdir Raupp (MDB-RO) e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rego. Nesta terça-feira, 22, a Procuradoria-Geral da República pediu mais 60 dias para o inquérito.
Em depoimento, Sérgio Machado, que foi senador emedebista e presidente da Transpetro, corroborou com a versão dos executivos.
Ele afirma que soube "desses fatos por meio de senadores do PMDB que estavam presentes na residência do Senador Renan Calheiros" e que "ao que se recorda os senadores presentes nas reuniões eram: Renan Calheiros, Jader Barbalho, Eduardo Braga, Romero Jucá, Eunício Oliveira, Vital do Rego, Edison Lobão e Waldir Raupp; Que nem todos os senadores estiveram juntos em todas as reuniões".
Machado narra que "várias foram as reuniões ocorridas em Brasília durante seguidas semanas; o que se falava nas reuniões era que sem o apoio de uma maioria do PMDB, o PT teria perdido apoio do partido, e a coligação da candidata Dilma não teria sido referendada".
O ex-senador diz "que na ocasião o PT sabia dessa divisão dentro do PMDB, de sorte que não procurou o partido, mas sim um bloco, de senadores que exercia influência e controle notadamente em seus Estados". Ele diz que o fato já era presente em sua delação e que foi confirmado em 2017, quando foi firmada a colaboração da J.
Machado narra que a reunião se "deu na própria residência do senador Renan Calheiros, ocasião em que também estavam presentes diversos senadores do PMDB".
"A confirmação sobre o pagamento dos 40 milhões à bancada do Senado do PMDB realizada a pedido do PT, ocorreu por Ricardo Saud reservadamente junto ao depoente no interior da residência do senador Renan Calheiros", relatou.
Defesa
A reportagem está tentando contato com os políticos citados por Sérgio Machado. O espaço está aberto para manifestação.