Após ter o nome citado em denúncias envolvendo movimentações bancárias consideradas suspeitas pelo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) concedeu, pela segunda vez em dois três dias, entrevista à Rede Record. A intenção, segundo ele, foi de "acalmar a população" e esclarecer de onde vieram os R$ 96 mil, obtidos em depósitos de 2 mil reais, em sua conta pessoal. Segundo o senador, o pagamento de R$ 1 milhão em um título, também identificado pelo Coaf, se refere à compra de um apartamento.
Flávio Bolsonaro disse que vai dar "todas as explicações às autoridades competentes". "Infelizmente, eu gostaria muito de fazer isso ao Ministério Público, mas não foi me dado essa oportunidade", disse, apesar de ter sido convidado pelo órgão duas vezes para dar explicações sobre as suspeitas.
Sobre a polêmica envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio disse que não pediu foro privilegiado, mas que buscou saber à quem "deveria responder", assim que descobriu que era investigado. "Marco Aurélio está de férias e ainda não teve acesso ao processo. Mas ele disse uma coisa muito correta, falou que não olha capa (do processo), mas conteúdo, então fico muito feliz", afirmou.
O senador eleito explicou que o título da Caixa Econômica Federal (CEF), no valor R$ 1 milhão, é referente à compra de um apartamento, na planta, e de uma dívida com o próprio banco que chegou a quitar o valor junto à construtora. Questionado pelo repórter se ainda possuía o imóvel, esclareceu que vendeu o apartamento, "logo em seguida". "Houve um atraso na entrega do imóvel e eu resolvi vender", justificou.
Sobre os 48 depósitos no valor de R$ 2 mil, o futuro senador atacou os investigadores e disse que os recursos eram referentes à venda do imóvel e que uma parte teria sido paga em dinheiro vivo. Assim, o próprio deputado estadual chegou a depositar na própria conta num banco na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). "Eles têm uma forma muito baixa de querer insinuar que a origem desse dinheiro", criticou o parlamentar.
Durante a entrevista, Flávio Bolsonaro segurava um documento que, segundo ele, comprova a sua defesa. No entanto, o documento não foi mostrado aos telespectadores.
Sobre a falta de esclarecimentos prestados pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, o filho do presidente foi enfático, mais uma vez, em dizer que "não teria como controlar o que o assessor fazia". Quando questionado sobre as ausências de Queiroz ao MP, que chegou a convocar o ex-motorista quatro vezes, o futuro congressista disse que já gostaria que o ex-funcionário tivesse dado o depoimento.