As eleições para a Presidência da Câmara têm gerado conflitos internos nos partidos. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta a reeleição e tem liderado a disputa, encontrou-se ontem, em Recife, com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, vice-presidente do PSB, em busca do apoio do partido, que elegeu 32 parlamentares. No entanto, os socialistas são sondados por todos os lados e não devem declarar apoio ao atual presidente da Casa. As diferentes visões dos membros do PSB podem expôr uma quantidade considerável de dissidentes, caso as lideranças venham a declarar voto em Maia.
No campo da oposição, novos nomes são buscados para ampliar o espectro de candidatos. A intenção dos oposicionistas é levar o pleito ao segundo turno, onde o voto fechado, estabelecido no regimento interno e garantido pelo Supremo Tribunal Federal, será decisivo.
Ao se deslocar até Pernambuco, Rodrigo Maia demonstrou a importância que tem dado ao PSB. O estado é uma das bases de comando da legenda. O governador Paulo Câmara é simpático à candidatura de Maia, mas, segundo um dirigente socialista, não deve conseguir mudar a posição da legenda, que já foi discutida internamente. ;Neste momento, o apoio não deverá mais ser anunciado. Paulo (Câmara) é importante, mas sei da posição de resguardo dos parlamentares do PSB pernambucano;, disse a fonte. Levantamento do Correio mostra que dos cinco deputados federais do PSB de Pernambuco, eleitos em 2018, três querem manter a posição de ;independência;.
Com dois candidatos na disputa, o conflito interno do PP tem sido maior do que o esperado. Parlamentares da legenda têm afirmado que a candidatura natural é do deputado Arthur Lira (AL), o que deixa o ex-ministro da Saúde Ricardo Barros (PR) com pouca força para efetivar a próprio nome. No entanto, há integrantes da sigla que defendem o voto em Rodrigo Maia, mesmo com o partido tendo dois nomes na lista de pretendentes. ;Rodrigo é equilibrado, votei em todas as vezes nele, sou amigo dele. Já comuniquei (a Arthur Lira) que vou com Maia;, disse um destes congressistas.
No PCdoB, a controvérsia não é menor. Dos nove parlamentares eleitos, três se disseram contrários à orientação do partido de declarar ;preferência; à reeleição do deputado carioca. A proximidade com os comunistas é importante para atrair partidos de esquerda, como o PDT, que tem sinalizado apoio a Maia.
Além disso, o líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva (BA), tem tido de justificar a permanência dos comunistas no mesmo bloco em que está o PSL, partido governista. O fato é explorado por outras legendas da oposição que pressionam o PCdoB para se alinhar ao bloco oposicionista. A intenção é construir uma coligação que reúna PCdoB, PDT, PSB e PT. No total, seriam 125 parlamentares.