Parlamentares começaram o ano de olho nas presidências da Câmara e do Senado, hoje ocupadas pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e pelo senador Eunício Oliveira (MDB-CE), que não se reelegeu. Como falta apenas um mês para o início da nova legislatura no Parlamento, as articulações em torno do posto se intensificaram. Inicialmente, o PSL de Jair Bolsonaro pensou em lançar os dois herdeiros do presidente [o deputado eleito Eduardo Bolsonaro (SP) e o senador eleito Flávio Bolsonaro (RJ)] para ocupar as vagas. Desistiu. Fechou acordo para apoiar a reeleição de Rodrigo Maia e definiu o senador eleito Major Olímpio (SP) para concorrer ao cargo no Senado, também cobiçado por Renan Calheiros (MDB-AL).
O nome de Major Olímpio surgiu em vídeo gravado por ele mesmo no plenário do Senado. "Me foi feito o convite para tentar ocupar a Presidência do Senado. (...Algo) totalmente inesperado... O joelho tremeu e o Bivar me deu um tempo para amadurecer e analisar a possibilidade. Se resolver ir para uma empreitada deste tamanho, tenho que estar em condições de agregar uma vitória para a condução do Senado. Não tenho outro pensamento. Estamos amadurecendo a ideia. Só posso fazer meu agradecimento por tanta confiança".
Também estariam de olho na vaga os senadores Simone Tebet (MDB-MS), David Acolumbre (DEM-AP), Esperidião Amin (PP-SC), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Renan Calheiros, um dos mais engajados na busca pelos votos dos colegas. Calculistas de Renan chegaram a comentar com o senador que ao menos metade dos senadores (cerca de 40) demonstraram boa vontade ao serem consultados sobre seu nome. Em reunião fechada, o chefe da Casa Civil, ministro Onyx Lorenzoni, disse que o presidente Bolsonaro simpatiza com o nome de Jereissati.
O senador cearense tem sido tratado como queridinho da oposição para ocupar a vaga de presidente da Casa. Tasso foi endossado, inclusive, pelo PDT, partido que lançou Ciro Gomes à corrida pelo Planalto e elegeu dois senadores. De acordo com o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, a negociação está a cargo do senador eleito Cid Gomes (irmão de Ciro). "Tá sendo discutido e conversado, sim, pois as eleições na Câmara e no Senado vão seguir em paralelo", detalhou. Lupi disse ao Correio que o PDT formará com a Rede, o PPS e o PSDB um bloco de oposição ao governo no Senado. Por ora, os tucanos não farão parte dele.
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter indicado que não pretende se envolver publicamente na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado, integrantes do DEM estão animados com a candidatura de Davi Acolumbre para o Senado. Eles acreditam que, mesmo sem uma declaração pública, o Planalto poderá apoiar, ainda que discretamente, a tentativa do senador eleito pelo Amapá. "É o que a gente espera, até por causa do acordo fechado com o presidente da República na questão envolvendo a Câmara dos Deputados, onde Rodrigo Maia terá apoio da base governista para a reeleição", disse um demista que preferiu não se identificar.
O apoio do PSL pesa na votação, já que o partido terá a segunda maior bancada na Câmara em 2019, com 52 parlamentares eleitos. Eduardo Bolsonaro chegou a dizer que não apoiaria o favorito na disputa, o atual presidente, mas ainda não há um posicionamento oficial. O presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador ACM Neto (BA) elogiou a independência dos pesselistas. "A posição do governo em relação à Presidência da Câmara, por enquanto, tem sido satisfatória. O compromisso do governo conosco é o de não se envolver, de respeitar a eleição do parlamento reconhecendo que ela tem sua vida própria", disse.
Os esforços para reeleger Maia fizeram também com que o PRB migrasse para o DEM. Com isso, o deputado João Campos (PRB-GO), que estava concorrendo à mesma vaga, desistiu do pleito. "João estava tentando viabilizar a candidatura acreditando que seria o candidato do governo", disse o deputado Jhonathan de Jesus (RR), líder do partido na Câmara.