De acordo com Cardoso, que também foi fundador da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), os mais de R$17 bilhões movimentados por ano pelo consumo interno de drogas têm feito crescer o ciclo criminal do tráfico e não têm sido controlados pela proibição. ;As pessoas e organizações ligadas com atividade ilegal não querem nem pensar em legalização;, afirmou.
Cardoso, no entanto, não defendeu a negligência policial. ;Enquanto estiver proibido, é implacável a repressão. Mas se vier a ser liberado, terá de ser adaptado o trabalho de policiamento;, explicou. E acrescentou: ;O usuário faz parte da maior fonte de recursos do crime organizado no Brasil. Então, é necessária, imprescindivelmente, uma prevenção abrangente e continuada;.
Ainda na visão do general, tem preocupado como a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) tem sido tratada nos últimos governos. ;Me preocupa a Senad ser mantida no Ministério da Justiça, porque há uma tendência natural de o órgão de repressão ter supremacia em relação ao de prevenção;, disse.
Ideologia
Na avaliação do general Cardoso, a ideologia, a qual considera uma ;praga;, pretende ter resposta para tudo e faz as pessoas não pensarem. ;Muitos não defendem a liberalização por motivos ideológicos, baseados em dados infundados;, defendeu.Cardoso pontuou que o Estado precisa investir em educação para sanar o problema. ;O Estado é ineficiente por incompetência, corrupção, omissão, por um longo período em que os que deveriam ser estadistas foram pressionados pelo politicamente correto. Nunca falaram abertamente sobre as drogas. A solução é uma só: educação;, concluiu.