A segunda fase da Operação Forte do Castelo, deflagrada na sexta-feira, 14, aponta que a empreiteira Andrade Gutierrez preparou um edital para licitações milionárias da Prefeitura de Belém. Um esquema de corrupção em obras de R$ 600 milhões do Executivo municipal, sob a gestão do ex-prefeito Duciomar Costa(PTB), o "Dudu", é alvo da nova etapa da investigação.
"Os depoimentos prestados por ocasião da celebração de acordos de colaboração premiada apontam para a existência de direcionamento de certames licitatórios, realizados pela prefeitura municipal de Belém, em benefício da Construtora Andrade Gutierrez, ocasionando desvio de recursos federais", afirmou o juiz Rubens Rollo D'Oliveira, da 3ª Vara Federal.
A Operação Forte do Castelo 2 tem base na delação de executivos de uma construtora responsável pelas obras do Portal da Amazônia, a Macrodrenagem da Estrada Nova e o BRT-Belém.
Eles fecharam acordo de delação premiada em maio e entregaram documentos que reforçam as suspeitas dos investigadores. As delações foram homologadas pela 3ª Vara Federal de Belém.
A operação fez buscas contra Sérgio de Souza Pimentel, Fernando Mendes Pereira, Natanael Alves Cunha - ex-secretários da prefeitura -, Suely Cristina Yassué Sawaki Mouta Pinheiro - ex-diretora do Departamento de Programas e Projetos Habitacionais na Secretaria Municipal de Habitação - e Leoni Aguiar Gomes Júnior - funcionário da empresa Sistema PRI Engenharia, que prestou serviços ao Executivo municipal.
A Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Receita e a Controladoria-Geral da União participaram da operação e apreenderam 13 mil euros em dinheiro na casa de Fernando Mendes Pereira.
Segundo a investigação, a Andrade Gutierrez realizou diversos repasses irregulares à empresa Metrópoles Construção e Serviços, cujo quadro de funcionários se limitaria à pessoa de Elaine Baia Pereira - casada com o ex-prefeito Dudu.
A empresa, aponta a investigação, "sequer disporia de veículos registrados em seu nome, evidenciando sua incapacidade operacional".
"Noticiou-se que Sérgio de Souza Pimentel, que integrou o secretariado do então prefeito Duciomar Gomes da Costa, teria recebido a minuta do edital de licitação, confeccionado pela própria empreiteira, que seria a vencedora, das mãos de um de seus funcionários. A Construtora Andrade Gutierrez disporia, inclusive, de facilidade para refutar as propostas que potencialmente viessem a ser elaboradas por competidores e/ou demais interessados", anotou o juiz Rubens Rollo D'Oliveira.
"A situação se repetiria, aliás, com Suely Cristina Sawaki Mouta Pinheiro, que também recebeu novo edital de licitação, moldado consoante os interesses da empreiteira corruptora, por meio de mídia digital."
De acordo com a investigação, Pimentel "embolsaria valores em espécie, durante encontros realizados em hotéis ou mesmo em seu próprio gabinete".
Defesas
"A Andrade Gutierrez informa que apoia toda iniciativa de combate à corrupção, e que visa a esclarecer fatos ocorridos no passado. A companhia assumiu esse compromisso público ao pedir desculpas em um manifesto veiculado nos principais jornais do país e segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal. A empresa incorporou diferentes iniciativas nas suas operações para garantir a lisura e a transparência de suas relações comerciais, seja com clientes ou fornecedores, e afirma que tudo aquilo que não seguir rígidos padrões éticos será imediatamente rechaçado pela companhia."
A reportagem está tentando localizar todos os citados. O espaço está aberto para as manifestações.