Glauber disse que Vidigal é "o cara do Eduardo Cunha" e fez "defesa nominal" do ex-parlamentar. Como base, citou um artigo publicado em abril de 2016, no site Metrópoles, intitulado Usufruir de paraísos fiscais não é crime, no qual o doutor em Direito das Relações Sociais defendeu que ter recursos em paraísos fiscais seria uma forma de proteção do patrimônio.
"Arrisco dizer que, diante da configuração do Estado brasileiro, a utilização de paraísos fiscais está mais para o exercício de uma legítima defesa contra os abusos estatais do que propriamente para a prática de uma atividade criminosa", escreveu Vidigal, que citou Cunha como exemplo. "Para o tribunal da opinião pública e das redes sociais, o simples fato de alguém ser beneficiário de uma trust, por exemplo, já é razão suficiente para impor a esse alguém o rótulo de criminoso (...) É o caso, por exemplo, do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que responde a processo de cassação de seu mandato sob a acusação de que teria mentido sobre a titularidade de contas bancárias no exterior, quando seu nome aparece, na verdade, como beneficiário de ativos geridos por trusts no exterior", pontuou.
Para Glauber, "ele tem direito de defender a tese que quiser, mas, no mínimo, ela deve ser considerada pelos parlamentares no momento de fazer sua votação". "O PSL que tem que se explicar", acrescentou o deputado do PSol.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entrou em defesa de Vidigal, que afirmou conhecer há muitos anos. Para Maia, o nome indicado pelo PSL e pelo presidente Jair Bolsonaro "não tem nada a ver" com Cunha. "Falar que, porque escreveu um artigo, ele é o cara de Cunha não é justo com ele", disse.
Os deputados federais estavam pautados para eleger nesta terça (11/12) os indicados da Câmara para vagas que serão abertas no CNMP e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no ano que vem. Por enquanto, Vidigal conta com apoio apenas do PSL. Quem está mais cotado para a vaga é Otávio Luiz Rodrigues Júnior, livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP), com apoio de 11 partidos ; entre eles, PSDB, PT, MDB, PCdoB e DEM.