postado em 11/12/2018 07:23
A Polícia Federal faz buscas, nesta terça-feira (11/12), em endereços ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). A investigação está relacionada à delação premiada de executivos do Grupo J. Ao todo, a PF cumpre 24 mandados de busca em investigação envolvendo parlamentares na Operação Ross.
A operação foi a um apartamento da família do senador em Ipanema, zona sul do Rio. As buscas alcançam mais quatro parlamentares: os deputados Paulinho da Força (SD-SP), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Benito Gama (PTB-BA) e senadores Agripino Maia (DEM-RN). O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) é investigado, mas não é alvo de buscas.
O objetivo da ação é investigar o recebimento de vantagens indevidas por parte de três senadores da República e três deputados federais, entre os anos de 2014 e 2017. As vantagens teriam sido solicitadas a um grande grupo empresarial do ramo dos frigoríficos que teria efetuado o pagamento, inclusive para fins da campanha presidencial de 2014. A ação de hoje é um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada em maio de 2017.
Os valores investigados, que teriam sido utilizados também para a obtenção de apoio político, ultrapassam os R$ 100 milhões, Suspeita-se que os valores eram recebidos por meio da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.
Aproximadamente 200 policiais federais dão cumprimento aos mandados expedidos pelo Supremo Tribunal Federal. Eles realizam 48 intimações para oitivas. As medidas estão sendo cumpridas no Distrito Federal e nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins, e Amapá.
Eles são investigados os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O nome da apuração, Ross, faz referência a um explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do mundo localizada na Antártida fazendo - numa alusão às notas fiscais frias que estão sob investigação.
Autorizada por Marco Aurélio
A operação Ross foi autorizada pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. A ação é um desdobramento da Patmos, deflagrada em maio de 2017, quando um pedido de prisão chegou a ser feito pela Procuradoria-Geral da República ao tucano, mas negado pelo STF.
As vantagens teriam sido solicitadas por parlamentares ao Grupo J, que teria efetuado o pagamento a pretexto da campanha presidencial de 2014. Os mandados se destinam a aprofundar a investigação dos supostos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Notas das defesas
Alberto Zacharias Toron, a advogado de Aécio Neves, divulgou nota sobre a operação da PF. Abaixo a íntegra:
"O senador Aécio Neves sempre esteve à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os seus atos.
É preciso que se esclareça que os recursos referidos pelos delatores da JBS são as contribuições eleitorais feitas à campanha do PSDB em 2014 e devidamente registradas na Justiça Eleitoral.
Somam-se a esses valores contribuições legais feitas a outros partidos políticos. A medida é, portanto, desnecessária já que o senador é o maior interessado no esclarecimento de todos os fatos."
Em nota, divulgada pela assessoria de imprensa do senador Antonio Anastasia, ele disse que desconhece totalmente o motivo pelo qual teve seu nome envolvido nessa história. "Em toda sua trajetória, ele nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém".
O deputado federal Paulinho da Força, presidente nacional do Solidariedade, afirmou em nota enviada à imprensa que o partido dele já apoiava, desde 2013, o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
"A delação da JBS foi desmoralizada publicamente e a fraude realizada pelos delatores foi comprovada com a prisão dos dois empresários pelo Superior Tribunal Federal (STF). A acusação absurda de compra de apoio do partido Solidariedade para a candidatura à Presidência de Aécio Neves, em 2014, beira o ridículo", diz a nota de Paulinho.
Segundo a assessoria do deputado, ele se colocou à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos, "desde que lhe seja facultado acesso ao processo previamente".
A assessoria do senador José Agripino Maia (DEM-RN) afirma que Agripino "não foi alvo de busca e apreensão em nenhum dos seus endereços" e que "enquanto presidente nacional do Democratas, buscou, seguindo a legislação eleitoral vigente, doações para o partido".
"Doações que, solicitadas a diversas empresas, foram voluntariamente feitas sem que o ato de doação gerasse qualquer tipo de compromisso entre o doador e o partido ou qualquer dos seus integrantes". O senador permanece à disposição da Justiça para os esclarecimentos que se fizerem necessários", finaliza o texto.
Em nota, divulgada pela assessoria de imprensa do senador Antonio Anastasia, ele disse que desconhece totalmente o motivo pelo qual teve seu nome envolvido nessa história. "Em toda sua trajetória, ele nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém".
A reportagem tenta contato com as defesas dos demais alvos da operação. O espaço está aberto para manifestação.
Com informações da Agência Estado e do Estado de Minas