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Fazenda pediu a Temer veto no reajuste ao STF, diz Ana Paula Vescovi

Ana Paula lembrou que a dívida pública brasileira alcançará 82% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos

Após o presidente Michel Temer sancionar o reajuste aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, disse que a pasta pediu ao presidente para vetar a medida e afirmou que o fim do auxílio-moradia é apenas um "mitigador" em relação ao impacto que o aumento causará nas contas públicas. Mesmo assim, defendeu uma maior coordenação dos três Poderes para que a situação fiscal brasileira melhore nos próximos anos.

"O desafio de coordenar todos os Poderes é de todos nós. Nós, da Fazenda, temos insistido nesse ponto. O mitigador que houve nesse processo foi a retirada do auxílio-moradia", ponderou a secretária-executiva em entrevista à Rádio Gaúcha, lembrando que a economia com o fim do subsídio é menor que a expectativa com o aumento nos salários dos juízes. "Se houvesse, de fato, essa coordenação de esforços, nós brasileiros seríamos mais rapidamente beneficiados pelo ajuste contas públicas."

Ana Paula lembrou que a dívida pública brasileira alcançará 82% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos para depois se estabilizar e voltar a cair e que é preciso fazer um ajuste pelo lado das despesas, uma vez que a população já deu mostras de que não aceita aumento de impostos. Esse processo deve acontecer não apenas na esfera federal, mas também nos Estados, acrescentou, que ainda lidam com um grande problema nas previdências estaduais.

A secretária-executiva da Fazenda defendeu que o próximo governo utilize o projeto da reforma da Previdência que tramita na Câmara como ponto de partida para as discussões sobre o tema, uma vez que isso economizaria "cerca de seis meses" de tramitação legislativa, e também medidas para reformar o funcionalismo público.

Ela se disse contra o fim da estabilidade do servidor, mas defendeu medidas para estimular a meritocracia e acabar com a progressão e promoção automática por tempo de serviço. "Em alguns Estados, a folha de pagamento cresce 7% ao ano por causa disso", criticou.

Questionada sobre o seu futuro profissional assim que deixar o cargo, Ana Paula, que foi sondada, entre outros cargos, para ser secretária da Fazenda do Rio, desconversou. "Vou fazer uma viagem com a família e descansar um pouquinho", disse.