Rodolfo Costa , Murilo Fagundes* , Camilla Venosa - Especial para o Correio
postado em 21/11/2018 17:23
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, foi pessoalmente aparar as arestas com integrantes do PSL incomodados com as indicações de ministros do DEM. A bancada do partido no Congresso se reuniu na tarde desta quarta-feira (21/11) para debater sobre o rumo da legenda no Parlamento. Estão previstos para a pauta de debates o espaço que planejam ocupar, e se lançam ou apoiam alguma pré-candidatura à Presidência da Câmara. Mas o tema central, por ora, é apagar o incêndio e apaziguar os ânimos dos mais insatisfeitos.
[SAIBAMAIS]A presença de Bolsonaro na reunião não estava prevista na agenda encaminhada à imprensa. A avaliação dele é que a participação se faz necessária para evitar rusgas e permitir o avanço de discussões avaliadas como mais importantes. A polêmica se intensificou na terça-feira (20/11). Ontem, ele confirmou o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) para o ministério da Saúde, pasta que detém o segundo maior orçamento da Esplanada dos Ministérios. Foi o estopim para aflorar o incômodo, até então latente, de uma ala do PSL. Com a indicação do parlamentar, o Democratas já ocupa três ministérios. Os outros dois ministros até então confirmados são Onyx Lorenzoni, futuro ministro-chefe da Casa Civil, e Tereza Cristina, futura ministra da Agricultura.
Os mais enciumados com a presença do DEM na Esplanada dos Ministérios insistem que o PSL tenha um espaço maior dentro do Executivo federal. Até o momento, o ministro indicado da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, é o único filiado da legenda a compor a equipe ministerial de primeiro escalão. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), convocou a reunião e elaborou uma pauta robusta para discutir diversos assuntos. Mas admitiu os ânimos aflorados precisrão ser contornados. ;Eu pedi no nosso grupo para que acalmemos os ânimos e demos esse voto de confiança ao presidente (Bolsonaro);, declarou.
A parlamentar é integrante da ala mais fiel a Bolsonaro, que deseja dar o voto de confiança a ele e acredita que os nomes escolhidos são técnicos e de confiança, não sendo indicações meramente políticas. Para contrabalancear o avanço do DEM na Esplanada, a ala mais incomodada do PSL cogita lançar uma candidatura própria para a Presidência da Câmara.
A decisão, no entanto, pode desgastar o apoio que governo tenta conseguir com o Centrão e com o próprio atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O parlamentar busca apoio para a recondução ao cargo, mas encontrará desafios caso o PSL, de fato, lance a candidatura própria. Quem está se aproveitando dessa disputa interna na legenda para se posicionar é são os deputados capitão Augusto (PR-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG) e João Campos (PRB-SP).