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Lula diz que 'tem tranquilidade de dizer que não sabe quanto custou' a reforma

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, 14, em interrogatório à juíza Gabriela Hardt que "tem a tranquilidade de dizer que não sabe quanto custou" reforma do sítio de Atibaia. O petista também declarou ter "muitas dúvidas" se a ex-primeira-dama Marisa Letícia pediu para fazer obras na propriedade. Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro por supostamente ser beneficiário de reformas na propriedade feitas pelo pecuarista José Carlos Bumlai e pelas empreiteiras Odebrecht e OAS no valor de R$ 1,02 milhão. "A única coisa que eu tenho a tranquilidade de dizer é dizer que eu não sei quanto custou, quanto gastou, quem fez, por que fez e o que fez. Quem pode dizer isso é quem é o dono do sítio." O petista afirmou ainda. "Eu tenho muita dúvida se a dona Marisa pediu para fazer a reforma. Tenho muita dúvida. Como ela não está aqui para se explicar, eu fico com a minha dúvida", disse. "Agora ficou fácil citar o nome da dona Marisa, porque ela morreu. Então, agora, é muito fácil." Em interrogatório na segunda-feira, 12, o empresário Fernando Bittar, proprietário formal do sítio e também réu na ação, afirmou que a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em fevereiro de 2010, vítima de um AVC, "ia tocar a obra" no sítio e Bumlai faria a reforma. Segundo Bittar, Marisa "tinha autonomia" para coordenar as obras. As reformas do sítio foram feitas em três etapas. A primeira, sob comando do pecuarista José Carlos Bumlai, no valor de R$ 150 mil, a segunda da Odebrecht, de R$ 700 mil - ambas em 2010 - e uma terceira obra na cozinha, pela OAS, de R$ 170 mil - em 2014 -, em um total de R$ 1,02 milhão. À juíza, o ex-presidente afirmou não acreditar "que dona Marisa fosse pedir" (reforma). Lula declarou que soube das reformas pela imprensa. "Eu não acredito, porque eu não acredito que a dona Marisa tivesse efetivamente relação para pedir para uma empresa fazer obras. E também porque não era dela", declarou. "A Marisa não tinha, no meu conhecimento, nenhuma relação com a Odebrecht." O petista afirmou à juíza que ninguém o contou sobre a reforma feita pela Odebrecht. "Quando eu conheci o sítio, o sítio já não tinha reforma, o sítio estava pronto." Lula relatou que soube do sítio pela primeira vez em 15 de janeiro de 2011. O ex-presidente declarou que, na época, estava de férias no Guarujá. "Eu tinha deixado a presidência da República, eu estava de férias. Quando foi no dia 12 de janeiro, me falaram que o Jacó Bittar tinha comprado um sítio, se eu queria passar um final de semana lá. Eu subi do Guarujá no dia 15 e fui ao sítio do Jacó Bittar, que na verdade era do filho do Jacó Bittar", relatou. "As pessoas quando compraram o sítio tomaram uma decisão de que o Lula não poderia saber de nada, que o Lula era contra qualquer ideia, sabe, de comprar qualquer coisa, pedindo para ele guardar arquivo. Eu era contra, no meu mandato presidencial, era contra discutir Instituto, discutir acervo. Antes que eu deixasse a Presidência da República, no dia 31 de dezembro de 2010. Os companheiros também não tinham que me dar explicação. Mas eles fizeram." O ex-presidente declarou que foi ao sítio "com o meu pessoal da segurança e com a Marisa". "Passei a frequentar o sítio em 2011, alguns finais de semana, junto com Jacó Bittar, junto com o Fernando. Eu ficava hospedado de final de semana lá", disse. Gabriela Hardt perguntou se Lula ficava com o quarto principal do sítio de Atibaia. Lula afirmou que "quando me davam, eu ocupava". "Isso era uma deferência que eu recebia tanto lá na chácara quanto recebia no Palácio da Rainha da Inglaterra, no Palácio da Rainha da Suécia em vários lugares que eu frequentei, inclusive no Kremlin, sabe, eu tive o prazer de ser convidado a dormir no Kremlin. Eu não sei o que o Ministério Público viu de absurdo nisso", afirmou. Defesa O advogado Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, divulgou a seguinte nota: "Depoimento de Lula mostra arbitrariedade da acusação O ex-presidente Lula rebateu ponto a ponto as infundadas acusações do Ministério Público em seu depoimento, reforçando que durante o seu governo foram tomadas inúmeras providências voltadas ao combate à corrupção e ao controle da gestão pública e que nenhum ato de corrupção ocorrido na Petrobras foi detectado e levado ao seu conhecimento. Embora o Ministério Público Federal tenha distribuído a ação penal à Lava Jato de Curitiba sob a afirmação de que 9 contratos específicos da Petrobras e subsidiárias teriam gerado vantagens indevidas, nenhuma pergunta foi dirigida a Lula pelos Procuradores da República presentes à audiência. A situação confirma que a referência a tais contratos da Petrobras na denúncia foi um reprovável pretexto criado pela Lava Jato para submeter Lula a processos arbitrários perante a Justiça Federal de Curitiba. O Supremo Tribunal Federal já definiu que somente os casos em que haja clara e comprovada vinculação com desvios na Petrobras podem ser direcionados à 13ª. Vara Federal de Curitiba (Inq. 4.130/QO). Lula também apresentou em seu depoimento a perplexidade de estar sendo acusado pelo recebimento de reformas em um sítio situado em Atibaia que, em verdade, não têm qualquer vínculo com a Petrobras e que pertence de fato e de direito à família Bittar, conforme farta documentação constante no processo. O depoimento prestado pelo ex-Presidente Lula também reforçou sua indignação por estar preso sem ter cometido qualquer crime e por estar sofrendo uma perseguição judicial por motivação política materializada em diversas acusações ofensivas e despropositadas para alguém que governou atendendo exclusivamente aos interesses do País. Cristiano Zanin Martins"