O governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), afirmou que discute com o governo de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) a possibilidade de os estados pegarem empréstimos com o Banco Mundial. Segundo ele, as medidas seriam fundamentais para ajudar nas contas de cada governo regional, que passam por problemas fiscais.
As declarações foram dadas após café da manhã com o presidente eleito. De acordo com Caiado, pelo menos 14 estados estão com grave dificuldade fiscal. ;Situação onde chegamos ao ponto de não ter mais pagamento da folha dos servidores públicos, crise na saúde e também na segurança pública;, disse. ;Nós temos alguns economistas que estão analisando a possibilidade de um financiamento pelo Banco Mundial. Nesse assunto nós não avançamos, até porque é uma tese que nós temos que nos debruçar mais sobre ela;, completou.
Apesar da iniciativa, ele citou que o os estados enfrentam barreiras para terem o aval do governo federal na negociação de empréstimos. ;Hoje apenas um estado é letra A, que é o Espírito Santo. Outros estados são letra B e 14 estados, se não me engano, são letra C. Ou seja, são estados que estão reprovados dentro da avaliação feita dentro do Tesouro Nacional e, como tal, não tem garantias e nem condições para obter qualquer empréstimo;, afirmou o governador eleito.
A autorização ou reprovação consta em legislação com base no endividamento dos estados. Para a liberação, a norma deveria ser revista. Segundo Caiado, os governos regionais estão ;buscando uma saída; para que a União possa ;socorrer; e buscar ;qualquer tipo de renegociação; com os estados.
Mesmo assim, Bolsonaro afirmou, durante o encontro, que a situação fiscal do governo federal também é preocupante, sendo necessária a adoção de medidas duras e austeras. Na última terça-feira (13/11), o presidente eleito se demonstrou pouco suscetível a negociações. ;O que eles querem eu também quero: dinheiro;;, destacou.
O futuro governador de Goiás disse, porém, que é possível chegar no meio termo. ;Nós entendemos que tem que ser uma parceria de mão dupla. Os estados também vêm fazendo a tarefa de casa, cortando gastos, diminuindo a estrutura da máquina, e, cada vez mais, buscando eficiência e transparência nessa gestão;, alegou.
Reajuste do Judiciário
Perguntado sobre o reajuste dado aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que tem efeito cascata em todo o Judiciário, Caiado apontou que vê o tema com preocupação. ;Eu acho que, nessa hora, quando você encara um país com 13 milhões de desempregados, crise em vários setores da economia e quando tem uma situação de que não pode reajustar salários, não é correto que seja feito um aumento de 16% a um Poder que já tem garantias constitucionais de estabilidade;, defendeu o governador eleito.
Ele citou que o mais prudente seria adiar o ;reajuste inoportuno;. ;Só no meu estado de Goiás, onde eu vou assumir a partir de 1; de janeiro, esse acréscimo poderá chegar a R$ 800 milhões (por ano) na folha de pagamento. Isso é um impacto importante de um estado que não tem sequer a condição de pagar os salários dos últimos dois meses;, disse Caiado.