Uma prova disso? A educação brasileira, que parou no tempo. No mais recente exame do Ideb, que mede o índice de desenvolvimento da educação básica no país, a média obtida pelos estudantes foi de 3,8, numa escala que vai de zero a 10. ;Uma notícia trágica;, como bem resumiu o ministro Rossieli Soares. Afinal, faz 20 anos que patinamos em torno dessa nota vexatória. Outro indicador que confirma nosso atraso é o Pisa, avaliação internacional que mede conhecimentos de estudantes de 15 anos de 70 países. Na última edição do exame, o Brasil também não figura bem na lista: ficou na 53; posição em Linguagem; 63; em Ciências; e 66; em Matemática.
Mas nossa tragédia é ainda maior. Estudo feito em 35 países, sobre como a população enxerga o prestígio da carreira docente, aponta o Brasil como o que menos valoriza o professor. Entre os pais, apenas um a cada cinco aconselharia a profissão para o filho. Não era para menos: só 9% dos brasileiros acham que os alunos respeitam o professor. E pensar que, no Japão, o educador é o único diante do qual o imperador se curva. O gesto simboliza o respeito e a importância que a sociedade devota à profissão.
De forma geral, a importância que damos ao professor é proporcional ao descaso dos nossos governantes com a educação de nossas crianças e jovens. E a culpa está longe de ser dos estudantes. Enquanto o planeta prepara as crianças para o mundo novo da revolução tecnodigital, ainda nos empenhamos em enfiar goela abaixo um conteudismo que resulta em decorebas desnecessários e vazios de sentido, o ;decore ou morra!”, cujo único sentido é obter nota suficiente para avançar de uma série para outra a cada ano. Há muito o país já deveria ter enterrado essa aberração, responsável pela aversão que muita criança sente pela escola.
Na educação fundamental, ponto crucial para essa mudança de rumo tão necessária, o foco precisa se concentrar sobretudo em linguagens ; português e inglês ;, ciências, matemática, artes, psicomotricidade, novas tecnologias e um ou outro conteúdo que pode ser assimilado de forma transversal. Basta essa base para que nossas crianças se tornem cidadãs do mundo e estejam aptas a aprender muito mais quando, enfim, descobrirem o que querem ser. Escolas com laboratórios bem equipados e mestres com talento e capacidade para ensinar os pequenos a aprender a aprender, de forma lúdica e prática, são a chave para guiar esses pupilos a um novo degrau civilizatório. Sim: o melhor é quando os pequeninos aprendem brincando, gostando, e não necessariamente numa sala de aula tradicional! É preciso despertar nessa garotada o prazer de entender causa e efeito, de querer saber o porquê e a lógica de todas as coisas. Aí, sim, teremos educação de verdade.