Em menos de 48 horas em sua primeira viagem a Brasília após ser anunciado como futuro ministro, o ainda juiz federal Sérgio Moro imergiu na transição governamental e na política. Oficialmente de férias da magistratura, aplicou-se em reuniões em série, de até 3 horas de duração, como a que teve com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, ou mais curtas, com o ministro da Justiça, Torquato Jardim. As duas pastas vão se juntar e estarão sob seu comando a partir de janeiro.
[SAIBAMAIS]Transitou entre o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) - o quartel general da transição - e o Palácio da Justiça, futuro endereço profissional, em substituição à 13.; Vara Federal de Curitiba (PR), onde participou desde o início da Lava-Jato - considerada a maior operação de combate à corrupção da história do País.
Sistemático, enfatizou em repetidos encontros as duas prioridades de sua futura gestão - o combate à corrupção e o enfrentamento ao crime organizado. Esteve reunido com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e com o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, com quem tratou da formação do ministério.
Sem assessoria de imprensa, cuidou pessoalmente dos compromissos. "São diversas reuniões, assuntos complexos. Vou ficar devendo mais detalhes", disse a repórteres, que queriam saber sobre os compromissos atendidos e ainda a cumprir, após o almoço no CCBB. Esquivou-se de perguntas, lembrando que tinha dado longa coletiva de imprensa em Curitiba na véspera da viagem a Brasília.
Recados
Mas também ouviu do ministro Jungmann e do Departamento Penitenciário Nacional o diagnóstico do governo atual de que é preciso conter o encarceramento em massa. Se o presidente eleito fala em "prender e deixar preso" e não apresentou propostas para reduzir a superlotação, Moro disse que a questão carcerária é um problema sobre o qual está refletindo "da forma mais apropriada". "É necessário criar vagas. É necessário, eventualmente, ter um filtro melhor", disse ele, em um aceno ao trabalho atualmente desenvolvido no ministério.O Moro político disse que não é de seu feitio apontar "herança maldita", falou que houve avanços nos últimos anos, apesar de carências históricas na área da segurança pública, e em continuidade e aprimoramento, mirando o futuro. As urnas, segundo ele, vocalizaram uma grande insatisfação da população com a segurança pública e este é o momento propício para a apresentação de projetos legislativos. Quer medidas fortes e simples (mais informações nesta página).
Depois de pegar o primeiro voo entre Curitiba e Brasília, Moro voltou em um dos últimos horários a capital paranaense, por volta das 20h desta quinta, sem avisar dos próximos passos. "Ficarei circulando entre Brasília e Curitiba e também outras cidades que demandem atenção", disse ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.