Senadores aliados e opositores ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, e ao governo Michel Temer se manifestaram na tarde desta quarta-feira, 7, contra a inclusão na pauta de votação do Senado de projetos de reajuste do Judiciário (ministros do Supremo Tribunal Federal) e do Ministério Público Federal (procurador-geral da República). A inclusão foi atribuída ao senador Eunício Oliveira (MDB-CE), presidente do Senado, em acordo com o presidente do STF, ministro Dias Toffoli.
Os parlamentares usaram como justificativa para que o projeto não seja votado a pressão do governo Temer e da equipe econômica de Bolsonaro pela aprovação da reforma da Previdência, para redução dos gastos públicos. Bolsonaro manifestou preocupação com o reajuste.
"Isso não foi discutido com nenhum líder, em nenhum âmbito de comissões. Simplesmente foi colocado na pauta", disse a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). "Sou contra reajuste do Judiciário, que aumenta de R$ 33 mil para R$ 39 mil o salário de ministros do STF e Ministério Público, além de gerar efeito cascata nos Estados, municípios e sobre os salários dos parlamentares. Não tem cabimento e é ofensivo à população, que sofre com desemprego e baixa renda."
O senador Paulo Paim (PT-RS), disse que nenhum senador quer assumir a responsabilidade sobre o projeto. "Quem é que está propondo colocar na pauta? Ninguém quer assumir a responsabilidade de colocar na pauta. É uma provocação ao povo brasileiro querer votar um projeto desse porte num momento como esse", afirmou.
O senador Magno Malta (PR-ES), aliado de Bolsonaro e um dos cotados para fazer parte do primeiro escalão ministerial, prometeu atuar contra o aumento. "O STF quer aumento sem ter a sensibilidade de que o país tem 14 milhões desempregados. Vamos lutar forte e não permitir essa indignidade contra o país", escreveu no Twitter.
"O Senado Federal pode votar hoje dois projetos que concedem reajuste salarial aos ministros do Supremo Tribunal Federal e ao procurador-geral da República. Votarei contra: se aprovados, aumentarão o rombo das contas públicas e pressionarão ainda mais a reforma da previdência dos trabalhadores mais pobres", disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).