As declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro de que poderia cortar as relações diplomáticas com Cuba foram repercutidas por diversos jornais do país e também por publicações estrangeiras. A afirmação foi feita por Bolsonaro em entrevista à jornalista Denise Rothenburg, colunista do Correio, publicada nesta sexta-feira (2/11).
"Olha, respeitosamente, qual o negócio que podemos fazer com Cuba? Vamos falar de direitos humanos? Pega uma senhora que está aí de branco, que veio no programa Mais Médicos. Falei ;senhora; porque não sei se ela é médica, não fez programa de revalidação. Pergunta se ela tem filhos. Já perguntei. Tem dois, três, estão em Cuba. Não vêm para cá. Isso para uma mãe, não é mais que uma tortura? Ficar um ano longe dos filhos menores? Quem vem para cá de outros países ganha salário integral. Os cubanos ganham aproximadamente 25% do salário. O resto vai para alimentar a ditadura cubana? Foi acertado há quatro anos, quando Dilma era presidente, que se alguém pedisse exílio seria extraditado. Dá para manter relações diplomáticas com um país que trata os seus dessa maneira? Queremos o Mais Médicos? Podem continuar. Revalida, salário integral e traz a família para cá. Eles topam? Queremos reciprocidade", afirmou o presidente eleito.
Entre os portais que deram destaque à fala de Bolsonaro estão Uol, R7 e O Antagonista. Os dois primeiros reproduzem texto assinado pela agência internacional Reuters. Já o terceiro traz a íntegra da declaração.
Alinhamento com os EUA
O portal Congresso em Foco, por sua vez, lembra que as ações de Bolsonaro estão alinhadas ao governo norte-americano. Nessa quinta-feira (1;/11), inclusive, o conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton, chamou Cuba, Venezuela e Nicarágua de "troika da tirania" e classificou a eleição do capitão da reserva como "um sinal positivo para o futuro da região". Uma outra ação de alinhamento, segundo a publicação, foi a decisão de transferir a Embaixada brasileira em Israel para a cidade de Jerusalém ; alvo de uma disputa com a Palestina ;, repetindo o presidente dos EUA, Donald Trump.
Já o jornal O Globo relata que a afirmação de Bolsonaro foi feita apenas dois dias depois de o govenro cubano ter manifestado a intenção de manter relaçãoes com o Brasil. O periódico também consulta um especialista que avalia que a decisão de cortar relações com outros países é extrema. "No momento é apenas um anúncio, e pode ser apenas bravata", pondera o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) Tomaz Paolielo.
Entre as publicações internacionais que repercutiram a entrevista do presidente eleito ao Correio está o site Diario de Cuba. Segundo o portal, Bolsonaro "promete promover a maior mudança na política externa brasileira em décadas". O Diario de Cuba é um dos periódicos digitais da ilha que não são controlados pelo governo. Há relatos, inclusive, de que autoridades cubanas tenham agido no começo do ano para evitar que a população do país tivesse acesso ao site.
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