Aliado do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e líder da bancada da bala na Câmara, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) não acredita que a reforma da Previdência seja aprovada neste ano ainda pela Câmara. "Duvido muito que com o texto atual a gente avance em alguma negociação. Não posso falar pela Casa, estou falando pelo clima que eu sinto dos colegas. Acho muito difícil", disse Fraga.
Questionado se ele acredita que há tempo hábil para elaboração e discussão de um novo texto sobre a Previdência, ele disse achar isso uma tarefa impossível para a atual legislatura. "Falar em um novo texto é impossível. E se houver, é claro que essa responsabilidade tem de ficar com o novo Congresso, com os parlamentares que foram eleitos", afirmou Fraga.
"Os deputados que não se reelegeram podem de repente receber a pecha de ser uma retaliação e isso é muito ruim e a vida pública continua, por isso, que eu acho mais prudente a gente preparar um novo texto mais adequado e duradouro e pensarmos nisso no próximo ano", afirmou. Para o democrata, o novo texto deve tratar de uma reforma de forma mais permanente para que a Câmara não tenha de voltar a rediscutir a questão nas próximas legislaturas. "Temos de fazer uma reforma duradoura que vai durar por 20 ou 30 anos e não fazer uma meia-sola", disse.
Por outro lado, o líder da bancada da bala acredita que ainda haja espaço para a atual legislatura aprovar a reforma tributária e as alterações no estatuto do desarmamento.
O deputado não concorreu à reeleição para Câmara e foi derrotado nas urnas na disputa para o governo do Distrito Federal. Especula-se que ele deva assumir alguma função no governo de Bolsonaro, o que ele nega que esteja definido. "Estou disposto a ajudar, mas não há nenhuma definição", disse sobre seu papel no governo.
Governo
O líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), disse que não houve hoje qualquer pedido do governo federal para que a Câmara avance na tramitação da reforma da Previdência, em um esforço para tentar aprovar o projeto ainda neste ano. "Não houve nenhum tipo de orientação por parte do Planalto para fazer com que avançasse", disse.
"Não significa que isso não seja uma prioridade para o governo de Michel Temer. Isso sempre foi", afirmou. Moura disse que passou a manhã conversando com ministros e que foram tratadas outros projetos que devem passar pelo Congresso ainda neste ano, como a medida provisória que trata de saneamento, o rota 2030 e a cessão onerosa da Petrobras.
O deputado disse que passar o texto da reforma ainda este ano seria algo "difícil". "É preciso ter quórum qualificado na Casa, conversas e tem a ressaca pós eleição", disse. "Agora, se avança ou não avança, só se tivermos uma orientação do Planalto. Seria um trabalho para ser iniciado e vamos enfrentar resistência de um lado e outros que são favoráveis. Enfim, vamos aguardar", disse.