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Novas primeiras-damas do DF e do Brasil são ex-moradoras de Ceilândia

Michelle e Mayara assumem, em 1º de janeiro, os postos de primeira-dama, do país e do DF, respectivamente

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/10/2018 22:54
Michelle e Mayara assumem, em 1º de janeiro, os postos de primeira-dama, do país e do DF, respecitvamente
Que Ceilândia é um celeiro da cultura, da música e da gastronomia, não é novidade para nenhum morador do Distrito Federal. O que muita gente ainda não sabe é que a cidade mais populosa de Brasília, com 489.351 habitantes, segundo a Codeplan, é, também, terra de primeiras-damas. Além de Michelle Bolsonaro, mulher do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), Mayara Noronha, esposa do futuro governador do DF, Ibaneis Rocha (DEM), é fruto da cidade, na periferia do Distrito Federal.
Aos 30 anos, Mayara vai assumir oficialmente o posto de primeira-dama em 1; de janeiro, quando o emedebista será empossado chefe do Executivo local. A advogada está no sétimo mês de gestação. Espera pelo terceiro filho do futuro governador do DF, que já tem outros dois, do primeiro casamento. A expectativa é de que o caçula venha ao mundo até 22 de dezembro.

Michelle de Paula Firmino Reinaldo Bolsonaro, 36 anos, conheceu Jair Bolsonaro, 63, em 2007, quando trabalhava como secretária parlamentar na Câmara dos Deputados. Se apaixonaram, namoraram e em seis meses ficaram noivos, quando ele já estava no quinto mandato como deputado federal. Os dois se casaram no civil em 2013, no Rio de Janeiro, onde moram até hoje, na Barra da Tijuca, área nobre, na Zona Oeste carioca.
Michelle e Mayara, além de Ceilândia como berço, têm em comum a discrição. A cientista política Denise Mantovani, da Universidade de Brasília (UnB), estuda a participação feminina na política e acredita que as companheiras dos líderes de governo sejam conhecidas pelas profissionais que são e não apenas por serem casadas com homens poderosos.
Denise entende que construção da figura de primeira-dama é uma forma de ver a mulher de maneira subordinada, o que já deveria ser algo ultrapassado no século 21. "Esse posto enquadra a mulher em atividades vinculadas à assistência social. O modelo que é seguido hoje é patriarcal", argumenta.
Historicamente, no Brasil, a função assistencial das primeiras-damas foi destacada com a criação da Legião Brasileira de Assistência (LBA), órgão público fundado em 1942 pela então primeira-dama Darci Vargas. Perpetuada até o governo Collor, quando denúncias de desvio de verba foram feitas à gestão de Rosane Collor, a LBA foi extinta por Fernando Henrique Cardoso, no primeiro dia de governo.

A última tentativa de ligar a imagem da primeira-dama à área social ocorreu no governo Temer. Com um orçamento de R$ 300 milhões, o projeto Criança Feliz, lançado pela embaixadora Marcela Temer em outubro de 2017, foi um aceno a esse campo e centrava-se em visitas a famílias com crianças de até 3 anos que recebem Bolsa Família e estão em condições de vulnerabilidade e com crianças de até 6 anos com necessidades especiais.
À época, órgãos representativos, como o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e o Conselho de Psicologia de São Paulo, criticaram o programa. Procurada pelo Correio, a Presidência respondeu que ;a esposa do presidente Michel Temer desenvolve trabalhos voluntários, sem orçamento ou remuneração;.
Como será a participação de Mayara e Michelle nos respectivos governos ninguém sabe ainda. A futura primeira-dama do DF pouco apareceu durante a campanha de Ibaneis. Continuou exercendo o direito. Michelle, apesar de também ser uma mulher independente, apareceu mais ao lado de Jair Bolsonaro. Defendeu, inclusive, o marido de acusações que pesam contra ele, sobre machismo, misoginia e homofobia.

A partir de 1; de janeiro, ambas assumem oficialmente a posição de primeira-dama. Agora é só esperar para ver qual será o peso das "ceilandenses" nas decisões no DF e no Brasil.

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