O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, disse nesta segunda-feira, 29, que o momento agora "é de ouvir" o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), definido pelo magistrado como uma pessoa "alegre", "bem humorada" e de fácil convivência. Bolsonaro e Toffoli conversaram por telefone na noite do último domingo, 28, e deverão se encontrar pessoalmente nos próximos dias, em Brasília.
Em uma rápida conversa com jornalistas nesta segunda-feira, após participar de solenidade em Comemoração ao Dia do Servidor no STF, Toffoli lembrou que viajou com Bolsonaro para a região amazônica no começo dos anos 2000 para conhecer o projeto do Sistema de Proteção da Amazônia (Sivam).
Os dois conviveram por seis dias, sempre acordando cedo, "num sistema militar", de acordo com o presidente do Supremo.
Toffoli foi assessor jurídico da liderança do PT na Câmara dos Deputados 1995 a 2000 e possui bom trânsito com autoridades do Executivo e do Legislativo. O ministro é conhecido pelo perfil conciliador e aberto ao diálogo e defende um pacto republicano entre os diferentes Poderes e a sociedade civil para viabilizar reformas.
"O momento é de ouvir", afirmou Toffoli, ao ser indagado se o Judiciário apresentaria alguma reivindicação ou proposta ao presidente eleito.
Abraço
Durante a rápida conversa por telefone na noite de domingo, Bolsonaro disse ao presidente do Supremo: "Toffoli, vou aí te dar um abraço."
Na mesma conversa, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, convidou Bolsonaro a visitar o edifício-sede do tribunal. Bolsonaro disse que virá a Brasília para encontrar Rosa e Toffoli.
A presidente do TSE também conversou por telefone com o ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT), que saiu derrotado no segundo turno, mas encerrou a conversa e desligou o telefone antes de passá-lo para Toffoli.
Mês Nacional do Júri
Nesta tarde, em cerimônia de abertura do Mês Nacional do Júri, Toffoli, que também é presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), disse que o Poder Judiciário possui um papel relevante ao garantir a resposta a atos criminosos.
"Em uma sociedade que busca a paz, o Poder Judiciário tem uma tarefa importantíssima, que é mostrar que o Estado está presente, que a barbárie não vai prevalecer, que a resposta aos atos ilícitos será dada", disse Toffoli, em solenidade ocorrida no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
"Mas essa resposta, o veredicto que está nas mentes dos jurados, não pode significar uma vingança, uma atitude justiceira; mas uma ação de cidadania, de reflexão, de auxílio à comunidade", ressaltou o ministro.
O Mês Nacional do Júri é um esforço conjunto da Justiça para acelerar julgamentos de cidadãos acusados de homicídio e casos relacionados a violência contra mulheres e menores de idade.
"No momento em que estamos discutindo caminhos mais eficazes para afiançar a segurança pública, o Poder Judiciário torna os crimes dolosos contra a vida o centro de suas atenções", afirmou Toffoli.