O atentado à faca cometido por Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), em 6 de setembro, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira ;interferiu; no resultado da eleição presidencial. A opinião é do desempregado Aldeir Ramos de Oliveira, de 51 anos, irmão do esfaqueador do candidato do PSL. Ele acha que o atentado acabou favorecendo Bolsonaro, tanto no primeiro quanto no segundo turno da eleição.
;Acho que o episódio interferiu na eleição sim. Acho que (o atentado) deu mais crédito para ele (Bolsonaro) junto aos eleitores. Não sei por quê. Mas, que fortaleceu ele, fortaleceu;, afirmou Aldeir, entrevistado com exclusividade pelo Estado de Minas na tarde deste domingo, no barracão onde mora no Conjunto Bandeirante, área carente de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais.
O irmão do agressor de Jair Bolsonaro disse ter votado no segundo turno ; assim como no primeiro ;, em Fernando Haddad, candidato do PT, embora acreditando que o adversário do petista sempre foi favorito. ;Acho que o Bolsonaro ganha (a eleição para presidente);, afirmou Aldeir, poucas horas depois de votar em uma seção de uma escola estadual no Bairro Santo Antonio, vizinha a sua casa.
Aldeir não quis entrar em detalhes quando foi questionado porque votou no ex-prefeito de São Paulo. ;Sei lá. Não me identifiquei com o Bolsonaro;, disse. Também evitou fazer comentários ao ser perguntado sobre os votos de seus familiares. ;Pelo menos eu votei no ;PT. Os outros eu não sei;, alegou. No entanto, o adesivo de Fernando Haddad no portão da entrada da casa humilde dá uma pista sobre a preferência de toda a família na eleição.
O irmão do esfaqueador de Bolsonaro disse que desde o atentado não teve nenhum contato com Adelio, que está preso preventivamente na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS) e já foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, além de ter sido denunciado pelo Ministério Publico Federal por crime de ;inconformismo político;. Aldeir disse que nunca esperou que o irmão cometesse o ato de violência. Lembrou também que só teve convivência com o agressor de Bolsonaro até Adelio completar 15 anos de idade.
Ele acredita que o irmão tem algum ;problema de cabeça;. ;Ouvi dizer que ele (Adelio) seria internado (em um hospital psiquiátrico), mas não tenho certeza sobre isso;, afirmou o morador de Montes Claros, acrescentando que tem acompanhado notícias do irmão à distância, apenas ;pela televisão;, sem manter contatos com advogados. A defesa de Adelio entrou com pedido de realização de exame de insanidade mental no agressor de Bolsonaro. O pedido foi acatado pelo juiz Bruno Savino, da Terceira Vara Federal de Juiz de Fora, a quem compete nomear uma equipe oficial de peritos médicos para examinar Adelio. O processo corre em sigilo.
Temor
Aldeir de Oliveira disse não acreditar que o irmão tenha recebido ajuda de terceiros ou agido ;a mando de alguém;, ao cometer o atentado contra Jair Bolsonaro durante um ato de campanha política em Juiz de Fora, o que é objetivo de investigação de um segundo inquérito instaurado pela Polícia Federal, que continua em andamento. Ele disse que teme pela vida do irmão na cadeia em Campo Grande. ;Às vezes tenho medo de alguém possa fazer algo ou mandar fazer alguma coisa contra ele (Adelio) lá dentro (da prisão). Tudo pode acontecer. Ninguém sabe sobre o coração dos outros;, afirmou Aldeir.