Jornal Correio Braziliense

Politica

PT pressiona Ciro Gomes por apoio formal a Haddad no segundo turno

Petistas vão atrás do pedetista tentar obter o apoio formal a Haddad. O próprio candidato ligou para o presidente do partido


A dois dias do segundo turno das eleições, o candidato pelo PT, Fernando Haddad, ainda tem esperança de mudar o jogo político. Atrás de Jair Bolsonaro (PSL) na pesquisa Datafolha que saiu ontem, o petista intensifica campanha ao lado de aliados para tentar ganhar espaço na disputa ; ou pelo menos perder por uma diferença menor. Um dos últimos atos do ex-ministro é para conseguir a declaração pública do voto de Ciro Gomes (PDT) que, ao perder no primeiro turno, anunciou ;apoio crítico; ao presidenciável.

O pedetista volta hoje da Europa, onde ficou três semanas em férias depois de 7 de outubro, quando acabou em terceiro lugar na primeira parte da disputa, com 13 milhões de votos. Ele será recepcionado no aeroporto internacional Pinto Martins, em Fortaleza ; um ato preparado pela militância e por simpatizantes. No evento, caciques petistas esperam que Ciro anuncie o voto em Haddad, com a expectativa de que, assim, a rejeição à sigla, envolvida em escândalos de corrupção, diminua. Contudo, a assessoria de imprensa do candidato disse não saber se ele fará pronunciamento. Na verdade, não há nada marcado na agenda de ambos sobre um encontro.

Entre os organizadores da suposta reunião está o irmão de Ciro, o senador Cid Gomes, recém-eleito para o cargo pelo Ceará. O parlamentar disse que o objetivo do ato é dar apoio moral ao pedetista, e incentivá-lo a tentar novamente a Presidência em 2022. Ciro não participou de nenhum evento pró-Haddad, enquanto Cid fez declarações polêmicas sobre o PT. Em um encontro da militância em Brasília, ele cobrou que o partido fizesse um pedido de desculpas por todos os erros já cometidos na política e afirmava que, sem o mea-culpa, não conseguiria vencer Bolsonaro. Ao ser vaiado, disparou: ;O Lula está preso, babaca!”.

Ontem, antes de embarcar para o Recife, em entrevista coletiva em São Paulo, o candidato do PT disse que ligou para o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para reforçar o pedido de apoio de Ciro Gomes e da legenda para este domingo (28/10). ;Todas as tentativas que eu podia fazer, eu fiz, e todas que eu posso fazer, farei. Eu tenho a maior admiração pela trajetória do PDT desde a sua fundação. Tenho uma relação de amizade com o presidente (do PDT) Carlos Lupi e com os irmãos Ferreira Gomes, tanto o Cid quanto o Ciro;, disse.

Conversa informal

Haddad disse ainda como foi a ;conversa informal; que teve com Lupi: ;Eu liguei para dizer o que talvez ele não esteja acompanhando. Avisei para ele: ;Está virando, Lupi, tem uma onda legal acontecendo no país;. Comuniquei, é a minha obrigação. Se eu pretendo presidir o país, tenho de ter esse tipo de comunicação fácil com as pessoas;, acrescentou.

Ao Correio, o líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta, disse que conta com o voto de Ciro em Haddad e, confiante, afirmou que espera a presença dele nos atos de hoje em prol do ex-ministro. ;Ele (Ciro) já anunciou o apoio crítico, mas tenho convicção de que ele vai falar sobre o voto em Haddad. Vai gravar quem é seu candidato e ir às ruas conosco;, disse. ;Estamos confiantes de que ele ajudará a contornar a situação. Estamos empenhados, no Brasil inteiro, para conseguir a virada;, completou o deputado Carlos Zarattini (PT).

Justus apoia Bolsonaro

O candidato do PSL nas eleições 2018 e adversário de Fernando Haddad (PT), Jair Bolsonaro, recebeu o apoio do empresário e apresentador da TV Record Roberto Justus. O comunicador foi apresentador do Aprendiz, versão brasileira do reality show americano The Aprendice, que foi comandado pelo hoje presidente americano Donald Trump. Em vídeo, Justus diz que o candidato é ;polêmico, mas com boa vontade;. Ele diz que um futuro governo dele, caso eleito, ;terá liberdade para formar uma equipe; e diminuir o tamanho do Estado. O apresentador fez críticas aos governos petistas e elogiou Paulo Guedes, responsável pelo programa econômico de Bolsonaro.