O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 8, em coletiva concedida após visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, que pretende ligar institucionalmente para o pedetista Ciro Gomes, a fim de tentar selar um acordo neste segundo turno em que enfrenta o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. "Vi o programa do Ciro, temos muita convergência de ideias com o que precisa ser feito", disse, afirmando crer que há condições de reunir essas forças democráticas progressistas num segundo turno, em torno de um projeto de restauração e inclusão social do Brasil.
"Vou conversar com as forças democráticas do País, representadas por algumas candidaturas como as de Ciro Gomes, Guilherme Boulos, mantendo ainda contato com governadores do PSB. Tenho interesse que essas forças estejam reunidas em torno desse projeto de restauração e inclusão social, como tratamos no primeiro turno com o PCdoB", emendou.
Sobre os acordos neste segundo turno, o PDT anunciou hoje que não apoia Bolsonaro, mas que pretende fechar um "apoio crítico" a Haddad. O próprio Ciro já disse ter algumas ressalvas ao programa petista. Para fazer um aceno ao pedetista, Haddad disse na entrevista que tem total tranquilidade em ajustar os parâmetros do programa de sua coligação para que ele seja o mais representativo dessa ampla aliança democrática que pretende fazer. E disse que ele e Ciro são amigos de longa data, desde o primeiro governo Lula, por isso não teria problemas em ajustar o seu programa em torno de uma aliança programática. "Tenho total tranquilidade em ajustar parâmetros do programa para que ele seja o mais representativo dessa ampla aliança democrática que pretendemos fazer."
Haddad disse na entrevista que teve apenas 22 dias de campanha e chegou ao segundo turno com quase 30% dos votos válidos do País, concorrendo com veteranos, "candidatos que respeito, mas que já disputaram algumas eleições, como Marina Silva (Rede), Ciro Gomes e Geraldo Alckmin (PSDB). Fomos ao segundo turno pela força do projeto que representamos", disse, afirmando que os partidos políticos definharam nesse processo eleitoral. Segundo ele, o PT foi ao segundo turno defendendo um projeto que vai restaurar as perspectivas de desenvolvimento e inclusão social do Brasil.
Apesar das críticas que sofreu no primeiro turno, Haddad voltou a defender uma reforma na Constituição. Na sua avaliação, isso é importante para colocar outras reformas, como a tributária e a política em execução. "Não há como fazer essas reformas sem a constitucional."
Na coletiva, Haddad disse também que irá propor uma espécie de "protocolo ético" contra a veiculação de fake news. "Vamos tentar estabelecer um protocolo ético para o tipo de abordagem que vai ser feito na campanha. Uma carta de compromisso contra difamação anônima", disse, reclamando do bombardeio que sua campanha foi alvo, sobretudo na reta final de primeiro turno. Ele fez também um apelo para que a Justiça Eleitoral julgue com mais celeridade denúncias relacionadas às notícias falsas.