A agenda na Bahia, marcada de última hora, após o avanço de Bolsonaro na região, é a terceira de Haddad no Estado.
[SAIBAMAIS]Ao lado do governador baiano Rui Costa (PT), candidato à reeleição que lidera com ampla vantagem as pesquisas de intenção de votos, com 61%, e do ex-ministro e ex-governador Jaques Wagner (PT), que também deve ganhar com facilidade a eleição para o Senado, o ex-prefeito de São Paulo já visitou Salvador, onde caminhou pelo bairro da Liberdade, o mais negro da capital, e foi a Vitória da Conquista, terceiro colégio eleitoral do Estado, e Jequié, no sul baiano.
Em Feira de Santana, Haddad falou apenas com emissoras de televisão antes de dar início à caminhada. De camisa branca, com uma estrela vermelha no peito e adesivos da sua campanha colados nas roupas, ele desfilou pela cidade com um chapéu de vaqueiro, em cima de uma caminhonete, próximo ao público, acenando para transeuntes que se concentravam nas calçadas em frente bares e restaurantes, tirando selfies com eleitores petistas que caminhavam atrás dele - boa parte, de uma claque ligada a candidatos a deputado que chegaram ao ato de ônibus, logo cedo.
Haddad teve o desafio de conversar com o eleitor feirense, na véspera da eleição, mas sem discursar. Isso porque as regras eleitorais proíbem falas públicas dois dias antes da votação.
O carro de som com a música "chiclete", portanto, foi a estratégia usada pelo PT para se comunicar com o eleitor de forma simples, explicou o coordenador da campanha do governador Rui Costa, Jeronimo Rodrigues.
O momento mais representativo para o petista foi quando operários que pintavam a fachada da prefeitura de Feira de Santana, controlada pelo MDB do prefeito Colbert Martins Filho após a renúncia de José Ronaldo (DEM) para concorrer ao governo do Estado, acenaram na sua direção, em sinal de apoio. Ele devolveu os acenos, já ensopado de suor, em razão do sol forte da cidade, e provocou gritaria no público: "Brasil urgente, Haddad presidente".
Se na hora de subir na caminhonete, em meio a empurra-empurra, Haddad estava assustado, no contato com o eleitor, ele ensaiou dancinhas e tirou selfies. Em certo momento, se enrolou com um celular de uma eleitora e, resignado com a dificuldade tecnológica, devolveu sem tirar foto o aparelho a ela, que caminhava no asfalto. Na segunda tentativa, insistente, a mulher saiu com o registro, contudo.
O objetivo político da atividade, segundo a direção do PT da Bahia, é reforçar o pedido do voto "no 13" e associar ainda mais Haddad a Lula, dono do legado lulopetista na Bahia. "Quem tá com Lula, vota no Haddad. Quem vota em Rui, vota em Haddad. É 13 no Brasil, é 13 na Bahia, eu quero ver, eu quero ver a correria", diz um dos jingles de campanha de Rui Costa, tocado insistentemente no trio elétrico que seguia na frente da caminhada. "Correria", na gíria baiana, é aquela pessoa que trabalha muito. A expressão é usada por marqueteiros para se referir ao governador baiano como um pai de família trabalhador nascido na periferia da capital.
Costa e seu padrinho político, Jaques Wagner, que foi a primeira opção do PT para substituir Lula após o indeferimento da candidatura do ex-presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são dois dos fiadores da transferência de votos do lulismo para Haddad no Nordeste. Com aprovação acima do 80% do governo atual, eles usaram o seus programas de rádio e TV durante a campanha para pedir voto para o presidenciável do seu partido, a fim de torná-lo mais conhecido.