O candidato à Presidência do PSDB nas eleições 2018, Geraldo Alckmin, disse nesta sexta-feira, 21, no Recife, que a carta divulgada ontem pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso "era uma importante reflexão" para o atual momento político do Brasil. Alckmin afirmou que o texto não foi direcionado para ele ou outro candidato específico, mas um conselho para todos de que "o extremismo não vai ajudar o País a sair da crise".
"Não podemos ir para os radicalismos, o Brasil perde com isso. A carta é uma reflexão, pois nesses 15 dias é que vamos ter uma definição da eleição. Concordo plenamente (com a carta) porque ela não é pessoal, é uma reflexão sobre o momento político", declarou Alckmin.
Dos representantes do extremismo citado por Fernando Henrique, Alckmin reforçou as críticas ao deputado Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas de intenção de votos e tem ocupado o papel de anti-PT que foi do PSDB. O tucano aproveitou o desentendimento entre o economista da campanha de Bolsonaro, Paulo Guedes, e o candidato sobre a criação de um novo imposto aos moldes da extinta CPMF e a unificação das alíquotas do Imposto de Renda para pessoa física, para atacar o adversário.
"A pessoa dizer ;olha, terceirizei o governo para o Paulo Guedes;, dá nisso. Veja que absurdo, no momento que você tem carga tributária altíssima, você propor mais impostos. O rico vai levar o dinheiro para fora como aconteceu na Argentina e o imposto de renda com a alíquota única quem vai pagar é a classe média, está errado", criticou.
Hipocrisia
Candidato do PSOL à Presidência da República e coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos chamou FHC de "hipócrita" e disse que os tucanos são "corresponsáveis pela ascensão de Bolsonaro" à liderança das pesquisas eleitorais.
"O Fernando Henrique Cardoso é um hipócrita. É um hipócrita porque ele é corresponsável pelo que acontece hoje no Brasil, pela ascensão do Bolsonaro inclusive. Ele e o PSDB. O senhor Fernando Henrique Cardoso apoiou o golpe em 2016 e ajudou a botar o Temer no poder", afirmou o presidenciável do PSOL, durante visita à Sociedade Protetora dos Desvalidos, no Pelourinho.
Ele disse ainda que o ex-presidente tucano "representa, com seu partido, as velhas práticas da política que geraram desilusão nas pessoas, que geraram desesperança".
Conforme a análise de Boulos, "foi desse caldo de desesperança e antipolítica que nasceu Bolsonaro, que gerou um medo que o Bolsonaro aproveitou politicamente e surfou nele".
"Não venham agora querer dar lição de como resolver o problema que eles ajudaram a criar", rechaçou o líder sem-teto, que participa, na capital baiana, de um comício ao lado da sua candidata a vice, a líder indígena Sônia Guajajara.