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Opinião: Que as urnas nos sejam leves

A radicalização na disputa presidencial ameaça deixar sem opção o eleitor que se recusa a votar em alguém capaz de sabotar ou pôr em risco a democracia. No atual cenário eleitoral, um candidato que simpatiza com o golpe militar e a ditadura que vigorou no Brasil por 21 anos, Jair Bolsonaro (PSL), e outro cujo partido apoia os regimes da Venezuela e da Nicarágua, Fernando Haddad (PT), despontam entre os favoritos para o segundo turno. Mas há esperança: Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), aponta a última pesquisa Datafolha, também estão no páreo. Além disso, analistas veem esta eleição como a mais imprevisível da história brasileira.

Numa análise rápida dos números do Datafolha, o alto percentual de votos espontâneos em Bolsonaro sugere que ele está com um pé em uma das vagas para o próximo round. Mas é também o mais rejeitado entre os eleitores. Enquanto isso, a briga pela segunda posição está em aberto e é acirrada. Ciro e Haddad têm 13% cada um. No entanto, à medida que passa a ser conhecido como candidato do PT, a rejeição a Haddad também cresce. A de Ciro, que disputa principalmente votos da esquerda com o petista e com Marina, é uma das menores. E Alckmin, com 9%, aposta no voto útil de centro e de direita, onde se concentra a maioria do eleitorado, para ficar com a outra vaga.

Apesar dos sete mandatos como deputado federal, Bolsonaro só existe como candidato ao Planalto e tomou a atual dimensão por conta dos governos do PT, da política dos ;nós contra eles;, dos bilionários escândalos de corrupção que estarreceram o país, com a traição à promessa de ;não roubar nem deixar roubar;, e do desastre na economia. Ele abocanha, segundo o Ibope, nada menos que 53% dos 44 milhões de votos antipetistas.

Aparece bem votado em todos os estratos sociais, principalmente entre eleitores de maior renda e escolaridade do Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Um contraponto a Haddad, que obtém as melhores performances nos grotões do Nordeste, voto que Lula roubou dos antigos coronéis da Arena, ao substituir o cabresto das dentaduras e das frentes de trabalho pela camisa de força do Bolsa-Família.

Em 2016, na disputa pela prefeitura de São Paulo, o tucano João Doria derrotou Haddad, que concorria à reeleição, no primeiro turno. Bolsonaro quer ser o Doria da vez. E não esconde que prefere ir ao segundo turno contra Haddad, cuja taxa de reprovação como prefeito chegou a 49%. A ascensão desses dois candidatos preocupa quem preza valores, como a liberdade de expressão e o respeito às liberdades individuais. Afinal, a sabotagem às regras democráticas, como vemos hoje na Venezuela e na Nicarágua, levam a retrocessos desastrosos e a crimes contra a humanidade. Gente capaz de aplaudir e financiar regimes como esses e como a ditadura militar que se impôs no Brasil com o golpe de 1964 não é democrata nem pode querer nada de bom para uma nação. Que as urnas nos sejam leves.