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'Ele sempre foi eleito por meio da urna', diz Toffoli sobre Bolsonaro

Candidato à Presidência questiona o sistema de votação e levantou a possibilidade de ocorrer fraude na eleição

O novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, reforçou na manhã desta segunda-feira (17) que buscará diálogo com os futuros presidentes da República, da Câmara e do Senado, "seja quem forem".

Durante café da manhã com jornalistas, Toffoli destacou ainda a importância de se construir uma agenda em comum com os chefes dos outros Poderes e defendeu a urna eletrônica, questionada pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL), no domingo. Durante pronunciamento feito pela internet, o capitão reformado disse ter medo de fraudes nas eleições por causa do sistema eletrônico.

"(Bolsonaro) sempre foi eleito por meio da urna eletrônica", ressaltou o ministro nesta segunda-feira, que usou de ironia para demonstrar o quanto acha absurdo o questionamento: "Tem gente que acredita em Saci Pererê". "As urnas eletrônicas são totalmente confiáveis. Os sistemas são abertos para auditagem, a todos os partidos políticos", prosseguiu, lembrando que, após as eleições de 2014, o candidato derrotado por Dilma Rousseff (PT) no segundo turno, Aécio Neves (PSDB), pediu uma auditoria nas urnas.

Em junho deste ano, por 8 a 2, o STF derrubou a adoção do voto impresso nas próximas eleições. O uso do voto impresso para as eleições deste ano havia sido aprovado pelo Congresso Nacional em 2015, na minirreforma eleitoral. "Geralmente, os que perdem a eleição reclamam", comentou Toffoli.

Dever da harmonia

Quanto à relação com os demais poderes, o presidente do STF disse: "Eu sempre sigo a máxima do (ex-ministro) Nelson Jobim: ;interlocutor não se escolhe;. Seja quem for presidente, os Poderes têm que ter o dever constitucional da harmonia e de procurar uma pauta conjunta. Procurarei fazer, sejam quem forem os futuros presidentes dos demais poderes", comentou Toffoli.

Em sua solenidade de posse na última quinta-feira (13), Toffoli já tinha defendido a harmonia entre os Poderes. Naquela ocasião, frisou que o Judiciário não é "nem mais nem menos" que o Executivo e o Legislativo, defendeu o diálogo entre diferentes setores da sociedade e destacou que os juízes precisam ter "prudência" e saber se comunicar melhor com a população.

Toffoli comandará o STF até setembro de 2020, sucedendo à ministra Cármen Lúcia, cuja gestão foi marcada por uma série de episódios turbulentos que aprofundaram as divisões internas da Corte. O ministro assumiu uma cadeira no Supremo em 2009, nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atualmente condenado e preso no âmbito da Lava Jato.