O montante pode ser ainda maior, uma vez que somente 92% dos candidatos divulgaram gastos. As informações fazem parte de um levantamento do Correio, com base nos dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem calculou somente as despesas que já foram pagas.
Entre os estados que mais gastaram estão São Paulo (R$ 13,6 milhões), Rio de Janeiro (R$ 10,8 milhões), Pernambuco (R$ 6,9 milhões), Goiás (R$ 6,6 milhões) e Minas Gerais (R$ 5,9 milhões). No DF, os postulantes ao Palácio do Buriti já desembolsaram R$ 3,8 milhões (veja outras cifras na arte).
Por lei, os candidatos devem respeitar limites de gastos, que variam de acordo com a população. Os valores vão de R$ 2,8 milhões a R$ 21 milhões, a depender da quantidade de habitantes da unidade da Federação. Isso sem levar em consideração acréscimos de R$ 1,4 milhão a R$ 10,5 milhões permitidos em caso de segundo turno. No DF, só é liberado gastar R$ 5,6 milhões no primeiro turno. Se não houver eleito, o segundo turno engorda mais R$ 2,8 milhões.
Apesar de os números saltarem aos olhos, são mais baixos do que em pleitos passados. Consultores políticos e marqueteiros admitem que as despesas estão mais racionais em 2018. A ordem é gastar somente o necessário. Entre os principais custos aparecem produção de programas de rádio, televisão ou vídeo; publicidade por materiais impressos ou por adesivos; e atividades de militância e mobilização de rua.
Mudaram a lógica de investimento fatores, como proibição de doações por empresas, divisão do fundo partidário e financiamento de redes sociais ; essa é a primeira eleição com esse tipo de gasto regulamentado ; e o autofinanciamento.
Os programas de tevê estão mais modestos. As produções foram desidratadas para poder custear outras formas de campanha. ;As produtoras cobram muito caro por equipamento e pessoal. Contudo, não é um gasto desprezível. Comunicação em veículos de massa, como tevê e jornais, é cara, mas dá grandes resultados;, explica Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos. Ele chama a atenção para a diminuição do trabalho de rua, como propaganda com bandeiras e panfletos.
Vaquinhas
Rubens Figueiredo, consultor em marketing político, acredita esta pode ser uma das campanhas mais baratas da história. ;O recurso permitido é menor em relação ao registrado em outros pleitos. A Operação Lava-jato criou um temor de uso de caixa 2, e a crise econômica não deixa espaço para grandes financiamentos;, argumenta.
Analista em marketing político, Gabriel Grossi destaca o protagonismo do autofinanciamento em determinadas candidaturas e da colaboração das vaquinhas pela internet. ;O candidato vai colocando mais dinheiro e reforçando seu caixa até quando puder ou usando as doações de sua militância;, comenta.
As duas campanhas mais caras são de candidatos que têm os dois tipos de financiamento. Na corrida pelo governo de São Paulo, a equipe do empresário e ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) desembolsou R$ 5,5 milhões. Já o presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (MDB), pagou R$ 5,4 milhões para tentar chegar ao Palácio dos Bandeirantes.
Para David Fleischer, professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), os gastos dos governadores estão menores pelo fato de o dinheiro ter de ser dividido pelos partidos entre as candidaturas de deputados estaduais e federais, senadores e presidente. ;Está mais comedido, mas ainda assim não significa que é barato;, critica.