Politica

Grampos mostram braço direito de Richa coordenando campanha de forma oculta

Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete e o ex-governador são alvos de duas operações, uma do MP-PR e outra da Lava-Jato

Agência Estado
postado em 11/09/2018 15:16

O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) foi preso nesta terça (11)

O Ministério Público Federal informou nesta terça-feira, 11, que grampos telefônicos apontaram que o ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo, do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), estaria atualmente coordenando de forma oculta a campanha do tucano.

Beto Richa e seu aliado são alvos de duas operações: uma do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, e outra da Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal.

Beto Richa e Deonilson Roldo foram presos pelo Gaeco. O ex-governador foi alvo de mandado de busca e apreensão da Lava Jato.

Segundo a Lava Jato, o empresário Jorge Atherino usa suas empresas "para movimentação expressiva de valores sem origem identificada". Além disso, constatou-se o emprego de sofisticados métodos de lavagem de dinheiro, envolvendo contas no Brasil e no exterior. Portanto, a liberdade dos réus coloca em risco a ordem pública.

A Lava Jato afirma que apura o envolvimento do ex-governador do Paraná Beto Richa nos fatos, mormente em relação à utilização de empresas em nome de familiares para movimentação de valores cuja origem se intenta apurar.

O Gaeco investiga irregularidades no programa Patrulha do Campo, que faz manutenção em estradas rurais. Já a Lava Jato mira em crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude à licitação referentes à duplicação da PR-323, favorecendo a empresa Odebrecht.

São alvos da Lava Jato, além de Beto Richa, Jorge Theodócio Atherino, empresário apontado como operador financeiro do ex-governador, e Tiago Correia Adriano Rocha, indicado como braço direito de Jorge e responsável por diversas transações financeiras dos empreendimentos do executivo.

Em nota, a Lava Jato informou que empresários do grupo Odebrecht realizaram, no primeiro semestre de 2014, um acerto de subornos com Deonilson Roldo, para que ele limitasse a concorrência da licitação para duplicação da PR-323, entre os municípios de Francisco Alves e Maringá. Em contrapartida, a Odebrecht pagaria R$ 4 milhões a Roldo e ao seu grupo.

Segundo a Lava Jato, a corrupção foi ajustada em três reuniões entre Roldo e representantes da empreiteira. As evidências mostraram que, no final de janeiro de 2014, executivos da Odebrecht procuraram o então chefe de gabinete do governador e solicitaram apoio para afastar eventuais concorrentes interessados na licitação da parceria público-privada (PPP) para exploração e duplicação da PR-323.

"As provas indicaram ainda que, após uma primeira reunião, Roldo voltou a se encontrar com executivos da empresa, informando que a ajudaria ilegalmente na licitação, mas para isso contava com o auxílio da empresa na campanha do governador daquele ano de 2014. Desta maneira, segundo as evidências, ele solicitou propinas para vender atos praticados no exercício de sua função pública, com o pretexto de que supostamente elas seriam usadas em campanha", afirma a Lava Jato.

A denúncia

A força-tarefa Lava Jato apresentou em 5 de setembro uma denúncia sobre parte dos fatos e agentes investigados pela operação deflagrada nesta terça-feira. Onze investigados foram acusados dos crimes de corrupção (ativa e passiva) e lavagem de dinheiro.

A denúncia foi aceita pela 13; Vara Federal Criminal e viraram réus o empresário Jorge Theodócio Atherino, apontado como "operador" (intermediário que gerenciava as propinas) do ex-governador Carlos Alberto Richa (Beto Richa); o ex-chefe de gabinete deste último, Deonilson Roldo; Adolpho Julio da Silva Mello Neto; Benedicto Barbosa da Silva Junior; Fernando Migliacchio da Silva; Luciano Riberiro Pizzatto; Luiz Antônio Bueno Junior; Luiz Eduardo Soares; Maria Lucia Tavares; Olívio Rodrigues Junior e Álvaro José Galliez Novis.

As investigações e a denúncia são também frutos da colaboração da empresa Odebrecht e de seus executivos e colaboradores. Informações e provas sobre crimes praticados por todo o País foram distribuídas pelo STF para diferentes jurisdições, mantendo-se naquela Corte e no Superior Tribunal de Justiça os fatos relacionados a pessoas que gozam de foro privilegiado.

Defesas

A defesa do ex-governador Beto Richa afirma que "até agora não sabe qual a razão das ordens judiciais proferidas". A defesa diz que "ainda não teve acesso à investigação".

O governo do Estado do Paraná disse, em nota, que "está colaborando com todas as investigações em curso. A governadora Cida Borghetti ressalta que não aceita nenhum tipo de desvio de conduta dos seus funcionários e que criou a Divisão de Combate à Corrupção para reforçar o combate à esse tipo de crime. Hoje a divisão esta fazendo buscas e apreensão em uma operação que combate fraudes a licitação. O Governo do Estado vai aguardar a divulgação de mais informações a respeito dessa fase da Operação Lava Jato para tomar outras providências".

O advogado Roberto Brzezinski Neto, que defende Deonilson Roldo, afirmou que está analisando os autos e vai se pronunciar.

A reportagem está tentando contato com a defesa de outros citados. O espaço está aberto para as manifestações.

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