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Quem é o homem que atacou Jair Bolsonaro no Centro de Juiz de Fora

Em redes sociais, algoz de Bolsonaro postava textos hostis contra o presidenciável e outros parlamentares. Desempregado, ele mantinha distância da maioria dos parentes e já tinha sido preso em 2013 por lesão corporal

Renato Souza, Renato Alves
postado em 07/09/2018 07:00

Adelio de Oliveira foi preso em flagrante: de

Preso em flagrante após dar uma facada no presidenciável Jair Bolsonaro, Adelio Bispo de Oliveira foi filiado ao PSol entre 2007 e 2014. Desde então, não aderiu a outro partido político. O homem, de 40 anos, disse a policiais federais que o prenderam em flagrante que agiu por conta própria, em cumprimento a uma ;ordem de Deus;. Foi instaurado inquérito para apurar o caso.

Essa não é a primeira vez que Adelio comete ato de violência. De acordo com o major Flávio Santiago, porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, ele foi preso em 2013, em flagrante, por lesão corporal em Montes Claro, a maior cidade do Norte de Minas Gerais, onde nasceu e mora a maioria da família.

Solteiro, sem filho, ex-missionário de igreja evangélica, Adelio costuma viajar pelo país para pregar ;em nome de Deus; e contra a ;roubalheira; na política brasileira. Perdeu o contato com a maioria dos parentes há quatro anos. Esteve na casa da mãe pela última vez há quatro meses e nunca mais nem sequer telefonou para ela ou outro parente.

Em Juiz de Fora, vivia de serviços esporádicos como servente de pedreiro. ;Fiquei muito surpreso quando soube que era o Adelio (o autor do atentado a Bolsonaro). Tive pouco contato com ele, mas, até onde o conheci, não parecia uma pessoa violenta;, disse o advogado Pedro Tiago Oliveira Santos, que defende o suspeito da agressão em uma ação trabalhista.
A frase que Adelio usa para defini-lo no Facebook é ;não importa em que partido tu militas, nem a ideologia em que acreditas, ou que fé tu praticas. Se tens prazer no triunfo da justiça, então, somos irmãos;.

Na mesma rede social, ele expõe publicações desconexas com ataques à direita e à maçonaria, que, segundo ele, tem planos de todos os tipos em desfavor do Brasil, como ;entregar a Amazônia;. Em nenhuma, no entanto, dá pistas do atentado que cometeria, em Juiz de Fora, na tarde de ontem, quando o candidato pelo PSL faziam uma caminhada no centro da mais populosa cidade da Zona da Mata mineira.

Adelio, que tinha, até o momento do crime, pouco mais de mil amigos no Facebook, publicou fotografias na rede social em atos políticos contrários ao presidente Michel Temer (MDB). Em outra imagem postada por ele, jovens usam camisas em apoio ao ex-presidente Lula (PT), que cumpre pena em Curitiba.

Em várias publicações no Facebook, entre maio e agosto, são recorrentes os ataques de Adelio à maçonaria, nos quais ele ironiza práticas e símbolos maçons. Em algumas, com vídeos e notícias sobre a maçonaria, ele fala sobre ;conspiração maçônica contra o Estado brasileiro; e ;direita maçônica;.

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;Clãs satânicos;

Em algumas dessas publicações, Adelio faz referência a Jair Bolsonaro. Em uma delas, postada há pouco mais de um mês, o acusado de esfaquear o presidenciável compartilha o vídeo de uma entrevista em que capitão do Exército nega que as Forças Armadas tenham dado um golpe em 1964. ;Dá nojo só de ouvir;, escreveu o suspeito.

Num outro post na rede social, Adelio afirma que Bolsonaro ;é apoiado por clãs satânicos;. Em uma das críticas mais recentes ao presidenciável, ele coloca um vídeo do candidato a deputado federal Alexandre Frota (PSL) ironizando o fato de Bolsonaro ter dito que o queria como ministro da Cultura. Adelio também critica outros políticos, como a senadora Ana Amélia (PP-RS), candidata a vice-presidente pelo PSDB.

Pendência no TSE

Adelio foi filiado ao PSol de Uberaba, no Triângulo Mineiro, segundo registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O acusado tem pendências com a Justiça Eleitoral. Em uma consulta com os dados dele, o serviço de emissão da certidão de quitação eleitoral do TSE informa: ;Favor procurar o Cartório Eleitoral para regularizar a situação de sua inscrição.;

Clube de tiro

Em 5 de julho, Adelio esteve no .38 Clube e Escola de Tiro, o mesmo frequentado por Eduardo e Carlos Bolsonaro, filhos do parlamentar. Ele foi ao local apenas naquele dia e não é filiado à instituição. Qualquer pessoa pode frequentar o clube, mesmo sem estar no quadro de associados. O dono da escola de tiro é amigo da família Bolsonaro há anos. O agressor visitou a unidade de Florianópolis (SC), onde os filhos do presidenciável faz aulas.

Adelio de Oliveira postava críticas a políticos: aula de tiro em clube frequentado por filhos de Bolsonaro

Aparentes problemas psicológicos

Policiais federais que acompanhavam Jair Bolsonaro quando ele foi atacado contaram que Adelio Bispo de Oliveira disse ;agir por ordens divinas;. Ele foi indagado por agentes durante o deslocamento para a delegacia.

O sargento Alessandro do Nascimento, do Batalhão da Polícia Militar de Juiz de Fora, contou que Adelio afirmou, antes de ser levado pela Polícia Federal, que cometeu o crime ;porque quis;. ;Fiz porque eu quis, por vontade própria, partiu de mim;, ressaltou o homem, segundo o militar.

De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luis Boldens, os agentes indicaram que ele aparentou ter problemas psicológicos. ;Ao ser preso, ele afirmou que teve uma motivação divina, que agiu a mando de Deus. Isso fez com que os policiais duvidassem da sanidade mental do agressor;, contou.

Bolsonaro estava acompanhado por quatro agentes do setor de Segurança de Dignitários da PF quando foi atacado. Ele vinha recebendo e seguindo frequentes recomendações para evitar situações de risco. O deputado foi, inclusive, orientado a alterar algumas rotas e compromissos de agenda para preservar sua integridade. (RA e RS)

;Ao ser preso, ele afirmou que teve uma motivação divina, que agiu a mando de Deus. Isso fez com que os policiais duvidassem da sanidade mental do agressor;
Luis Boldens, presidente da Fenapef

Faca usada pelo agressor: possível mudanças na segurança de candidatosPolícia diz que crime foi premeditado

A Polícia Federal em Juiz de Fora (MG) instaurou inquérito para investigar o ataque ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). O servente de pedreiro Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, foi preso em flagrante.

Para a Polícia Militar, o ataque ao deputado foi premeditado. Os policiais estão atrás de telefones celulares, documentos ou qualquer outra pista que possa esclarecer se o autor do crime agiu sozinho ou se teve ajuda. O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), afirmou que Oliveira não ;parecia um sujeito equilibrado;. ;Colocamos todo o aparato de segurança do estado à disposição para elucidar o caso;, disse. Pimentel informou ainda que, como o caso envolve um candidato à Presidência, ;o protocolo remete o registro da ocorrência à PF;.

A facada em Bolsonaro deve obrigar os demais candidatos a se submeterem a normas mais rígidas de segurança, o que pode ter impacto direto na campanha eleitoral. Na hora do ataque, 15 agentes da PF estavam cuidando da segurança do candidato. Os protocolos do setor de Proteção a Dignitários da Polícia Federal, responsável pela segurança dos presidenciáveis, determinam que em casos como o do atentado a Bolsonaro faz-se uma reavaliação para estipular um novo ;grau de risco;.

Na teoria, alguns delegados chamam esse evento de ;fato revolucionário;, que muda o cenário de atuação da PF. Segundo eles, essa reavaliação está sendo feita para ser empregada nas próximas agendas dos candidatos. Após o ataque, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram cancelamento de agendas de campanha.

As medidas adicionais podem incluir o emprego de novos equipamentos (colete à prova de bala, carro blindado etc) e novas táticas, como evitar lugares abertos, planejar todas as aparições, evitar o contato direto do candidato com os eleitores.

Policiais com experiência nesse tipo de trabalho disseram que o perfil da campanha de Bolsonaro, apoiado por militares que, muitas vezes, se apresentam como seguranças voluntários, dificulta ainda mais a proteção. Esse excesso de gente quebra a formação de segurança da equipe profissional e, como consequência, dilui as responsabilidades durante os eventos de campanha.

;Ações como aquela (na qual Bolsonaro foi esfaqueado) são contraindicadas. Não fazem parte da avaliação de risco da PF, justamente por conta da vulnerabilidade. Não havia cordão de isolamento primário nem secundário, porque o candidato se colocou naquela situação. Normalmente, eles não seguem as orientações propostas pelas equipes de segurança da PF;, disse o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, Flavio Werneck.

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Segundo suspeito

Um segundo homem, suspeito de participação no atentado contra o candidato do PSL à Presidência da República nas eleições 2018, Jair Bolsonaro, foi detido pelas forças policiais na cidade de Juiz de Fora (Minas Gerais). As informações são do Superintendente da Polícia Judiciária, Carlos Capistrano. Até o fechamento desta edição, o homem, que não teve a identidade revelada, estava sendo ouvido pela Polícia Federal em Juiz de Fora. ;As investigações estão em andamento, mas já temos a identificação de um provável segundo suspeito na cena do crime;, disse o superintendente.

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