O candidato à Presidência da República pelo MDB, Henrique Meirelles, participou nesta quarta-feira (5/9) de encontro promovido pelo canal MyNews em parceria com o portal Congresso em Foco. Na sabatina, o emedebista apresentou poucas propostas concretas e tentou se esquivar tanto da figura do ex-presidente Lula, dizendo que administrou o Banco Central de forma independente, quanto da de Temer, citando poucas vezes o nome do atual presidente. Além disso, alfinetou Ciro Gomes, do PDT, e Jair Bolsonaro, do PSL.
[SAIBAMAIS]Meirelles se apresentou como "candidato de própria trajetória" e, mais uma vez, exaltou o currículo e a campanha #ChamaOMeirelles. "No momento em que aceitei a indicação para o Banco Central, em 2002, a confiança na economia começou a subir no mesmo dia. Depois, já começamos a ganhar reserva. Já quando saí do governo, no início de 2011, a economia começou a cair", disse.
O ex-ministro de Temer chegou a dizer na sabatina que foi convidado pela ex-presidente Dilma Rousseff para "solucionar a crise" como ministro da gestão dele. Mas não aceitou. "Nós tínhamos uma visão de política econômica extremamente diferente. No fim de 2015, quando Joaquim Levy estava em momento final, recebi convite formal dela. Naquele momento, conclui que não era mais o momento de fazer as reformas que eu pretendia. Precisava controlar os gastos públicos, fazer reforma da previdência, trabalhista. Tudo contra o que ela dizia;, afirmou.
Os jornalistas questionaram Meirelles sobre a possibilidade de, se eleito, conceder cargos a lideranças do MDB, como Temer, Padilha e Jucá. O candidato desconversou. ;Não tomo decisão antes da hora. Quando fui ministro da Fazenda, conversei e analisei para saber qual seria a composição da equipe. Foi chamada pela imprensa como ;dream team;, isto é, time dos sonhos. Esse é o meu histórico. Sendo eleito presidente, teremos um longo tempo entre outubro e janeiro, para pensar nisso;, sustentou.
Ataques
Henrique Meirelles não poupou alfinetadas a Ciro Gomes e Jair Bolsonaro. Em um dos momentos, quando falava sobre a instabilidade econômica provocada pelas eleições, recorreu a uma indireta ao militar reformado. "A economia está abalada. Tem candidato que não sabe nada de economia, mas não tem problema.; Depois, quando dizia sobre a bolsa de valores, ironizou tanto Bolsonaro quanto Ciro. ;Era uma gritaria. Parecia uma discussão do Ciro Gomes com Bolsonaro.;
Confira algumas respostas do presidenciável sobre temas questionados:
Reajustes
Uma das coisas que tomo cuidado é, estando fora do governo, dizer que faria isso ou aquilo. A independência do Judiciário é uma das coisas mais relevantes da democracia brasileira. Sou favorável à Lava Jato e contra a politização do judiciário. A minha tendência, a princípio, é dizer que não é o momento de termos aumentos acima do que a população está tendo. A recuperação do país deve ser benéfica para todos, mas repartida entre todos os sacrifícios.
Reformas
Assim que for eleito, adotarei tanto a reforma da previdência quanto a tributária. A reforma da previdência só falta votar. O que está hoje no projeto permite um ganho fiscal relevante de cerca de R$ 500 bi em dez anos, o que já faz um efeito muito grande. A reforma tributária também é fundamental: simplificar o sistema, criar um imposto único sobre valor agregado. Vamos organizar isso tudo, diminuir o custo das empresas, das pessoas, dos estados. Assim, vamos equilibrar a situação fiscal.
Pensão para filhas de militares
A questão é tratada em legislação separada. É um outro processo. Sempre analiso com muito critério, tomo uma decisão e anuncio. Não tenho problema nenhum em enfrentar uma boa briga, mas com uma condição: ter razão. Não gosto de fazer promessa vazia. Este assunto será estudado com toda atenção e seriedade. A princípio, a proposta da previdência é preservar igualdade entre setor público e privado. Mas há uma série de circunstâncias especiais que precisam ser olhadas com atenção.
Alianças estaduais
Eu tenho trabalhado e tenho aparecido em vários programas estaduais importantes. No Rio Grande do Sul, sou aliado do Sartori. No Paraná, de João Arruda. Em São Paulo, tenho apoio do Skaf. Ontem, caminhamos juntos no Brás (bairro paulista). Em Minas Gerais, com o candidato Adalclever. Goiás, Daniel Vilela. João Santana, Bahia. Com um ou outro, estamos conversando. Mas o MDB é um grande partido e isso é uma força.
Drogas
A lei de 2006 deve ser seguida. A pessoa não pode ser presa por consumo. O tráfico é outra coisa. Deve ser punido. Devemos fazer programas de reabilitação. A lei permite o consumo, o tráfico é outro problema.
Feminicídio
É inaceitável. Absurdo o número de mulheres assassinadas no Brasil. Tenho propostas: botão de pânico, que aciona a polícia imediatamente, além de reforço na lei e reequipamento de delegacias de proteção à mulher.
Segurança pública
Será uma prioridade do nosso governo. O sistema integrado e centralizado é fundamental principalmente no que diz respeito à informação, na integração de policiais militares e civis. E ainda tem baixo custo.
Escola Sem Partido
Sou favorável à escola sem partido. O direito do estudante é aprender, não só passar de ano nem receber treinamento ideológico. Os testes mostram que ele sai sem ter qualidade para entrar no mercado de trabalho. O foco é qualidade da educação. O direito do professor é ter condições de trabalho para ensinar bem, não para pregar ideologia política. As escolas devem ser avaliadas pelo desempenho dos alunos, não por proselitismo político. E a escola pública é laica por definição. O compromisso da escola é ensinar e dar qualificação aos estudantes.