O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou, nesta segunda-feira, 3, que há uma "reação" contra os avanços no combate à corrupção no País. Durante fórum da revista Exame realizado para discutir Educação e Economia, Barroso se demonstrou, no entanto, otimista ao declarar que a política no Brasil "não mudou, mas vai mudar".
"Esse avanço, em parte com colaboração do Judiciário, enfrenta uma imensa reação oligárquica de um grupo que gostaria que tudo se mantivesse como sempre foi", declarou o ministro, ao falar sobre o combate à corrupção. Para ele, há uma "aliança" de pessoas corruptas que ficam lado a lado contra os avanços no País. "Há um lote no Brasil muito resiliente, aqueles que não querem ficar honestos daqui para frente, que gostariam que tudo permanecesse como sempre foi."
O ministro disse acreditar em uma "refundação" do Brasil a partir da sociedade civil e da livre iniciativa. Ele ressaltou, no entanto, que o processo é gradual e não automático. "A sociedade já mudou, o Judiciário está mudando lentamente e a política não mudou, mas vai mudar."
Educação
Ao falar sobre educação, Barroso repetiu que o tema não teve a devida atenção na transição do governo Dilma Rousseff para Michel Temer, em 2016. Ele afirmou que, na ocasião, havia uma expectativa sobre a formação da equipe econômica do Planalto, mas não uma atenção com o Ministério da Educação.
O ministro ressaltou, contudo, que o governo Temer "conseguiu boas realizações" na área. "Apesar de muita fala, a educação não tem sido alçada ao seu papel. Não tem sido uma prioridade no Brasil. Tem sido mais slogan do que verdadeiramente um projeto de País."
Ele cobrou que o próximo governo dê prioridade ao tema na administração. "Se o próximo presidente da República nomear um desconhecido, sem nenhum projeto, sem nenhum apoio na comunidade que hoje discute educação, ele começará muito mal."
Na palestra, Barroso não fez nenhuma referência direta ao julgamento do registro da candidatura do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do qual foi relator. Em sua fala, apenas declarou que "foi uma semana cheia", ao justificar o pouco tempo que teve para trabalhar o tema do evento, arrancando risos da plateia.