Diferente das eleições gerais de anos anteriores, esta conta com apenas 35 dias de campanha ; 10 dias a menos do que em 2014. Também não serão permitidas doações de empresas, o que pode diminuir o dinheiro na campanha e ressaltar a importância da tevê. Segundo pesquisa realizada no último trimestre de 2016, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 2,8% dos domicílios particulares permanentes no Brasil não dispunham de televisão.
Assim, a expectativa é de que, a partir deste fim de semana, o cenário fique mais afunilado, já que aqueles que, até agora, não se destacaram nas redes sociais ou nas pesquisas podem aproveitar para conquistar o eleitorado. ;Uma pesquisa de intenção de voto feita depois de uma semana do horário eleitoral vai ser a mais decisiva para a eleição. Certamente, vai ter mais informação do que temos até agora;, analisou o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cientista político Sérgio Praça.
Até o fechamento desta edição, dos 13 presidenciáveis, apenas três tinham atualizado a planilha de gastos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O senador Alvaro Dias, candidato pelo Podemos, tem 99,9% da concentração de despesas com produção de programas de rádio, televisão ou vídeo. Ao todo, foram empenhados R$ 3,2 milhões. Marina Silva (Rede) também tem 99% das despesas no mesmo conteúdo. Ao todo, foi gasto R$ 1,5 milhão. E Guilherme Boulos (PSol) registrou R$ 200 mil. Os dados são parciais.
Ajuda desigual
A propaganda no horário eleitoral ajudará a campanha de todos os presidenciáveis, mas não de forma igual. Quem espera mais é Geraldo Alckmin (PSDB). Até agora, ele não tem forte apelo em redes sociais, mas aposta no maior tempo de televisão para conseguir decolar nas pesquisas de intenção de voto e lutar pelo segundo turno. Com 5 minutos e 32 segundos, o tucano tem o dobro do tempo de televisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pode ter o futuro nas eleições decidido hoje no TSE, com 2 minutos e 33 segundos. O tucano deve reservar espaço considerável para criticar o principal rival, Jair Bolsonaro (PSL), apostando em um discurso de que ;arma não é a solução;. Alckmin vai mirar no eleitor que ainda tem dúvidas quanto ao capitão reformado, e também nas mulheres ; perfil com maior rejeição a Bolsonaro.
O ex-governador de São Paulo terá um desafio pela frente. Segundo o consultor político e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) Creomar de Souza, Alckmin tem que batalhar para não fazer uma campanha ;insossa;, o que significa dizer que os vídeos precisam ter um apelo emocional, que faça o eleitor despertar para a campanha. ;Os candidatos devem apostar mais em forma do que em conteúdo. As campanhas não podem ser professorais, têm que ser construídas numa lógica que ative um componente emocional, mude o posicionamento do voto;, explicou.
* Estagiário sob a supervisão de Leonardo Meireles