Politica

Em encontro com a juventude, Boulos defende a legalização da maconha

A reunião aconteceu em Brasília no início da noite em um tradicional bar da 408 Norte. O candidato foi sabatinado por coletivos de juventude do Distrito Federal e afirmou ser a favor da legalização da maconha e da proibição de agrotóxicos no país

Ingrid Soares
postado em 28/08/2018 22:05

Boulos discursa para a juventude brasiliense em bar da Asa Norte e defende a legalização da maconha

O candidato à presidência da República pelo Psol/PCB Guilherme Boulos cumpriu agenda hoje (28) em Brasília e participou de um encontro com a juventude brasiliense. A reunião aconteceu no início da noite em um tradicional bar da 408 Norte, ponto de encontro de estudantes universitários ao término das aulas. Ele foi sabatinado por lideranças estudantis e coletivos de juventude do Distrito Federal e afirmou ser a favor da legalização da maconha.

;Temos que romper a política de guerra às drogas. No caso da maconha, está claro em várias experiências internacionais que é possível legalizar com a regulamentação adequada sem prejuízo algum para a saúde pública;, defendeu.

O psolista também se posicionou contra a criminalização do aborto. ;Respeitamos as crenças religiosas mas elas não podem manter como tabu o debate sobre a vida das mulheres. Ninguém é a favor do aborto, mas defendemos que nenhuma mulher morra ou seja presa porque decidiu fazer. Em Portugal, diminuiu o número de abortos porque deixou de ser tabu e passou a ser política pública. Esse é o caminho. Tratar como política de Sus e não como tema de código penal;.

Sobre o PL 6299 que visa alterar a Lei dos Agrotóxicos e está em análise na Câmara, Boulos ressaltou a proibição do uso de pesticidas em seu governo.

;Defendo uma reforma agraria agroecológica com zero de agrotóxicos e transgênicos, cansamos de comer veneno. O nosso governo vai proibir os agrotóxicos. É comprovado que dá para ter agricultura em larga escala sem veneno. Vamos proibir também sementes de transgênicos porque não há estudos que garantam que não façam mal à saúde", critica.

Segundo o candidato, que tem como vice a líder indígena Sônia Guajajara, caso seja eleito, realizará a demarcação de terras indígenas e revogará as medidas adotadas pelo presidente Temer. ;Vou ter orgulho em pegar uma caneta e revogar o aumento do judiciário. Se mexer nesses privilégios libera verba para educação. Revogaremos a reforma trabalhista, o congelamento do teto de gastos e também a reforma do ensino médio. Faremos ainda um debate nacional da Base Curricular junto com professores e estudantes e implantaremos o ensino de gênero e diversidade sexual nas escolas.;

Boulos prometeu ainda a criação de 1 milhão de vagas nas universidades públicas e a ampliação da política de cotas. Ele classificou a campanha como uma política de enfrentamento de privilégios.

;Dá para gerar emprego, ter investimento em educação e moradia. Mas tem que ter coragem de fazer rico pagar imposto, tem que acabar com a farra dos bancos. Enfrentar bolsa empresário que recebem desoneração fiscal e revogar a Emenda 95, que congela por vinte anos o investimento em saúde e educação e que está destruindo as universidades".

Sobre o debate produzido pelo Jornal Nacional que iniciou ontem (27) com a presença de Ciro e contou hoje com Bolsonaro, ele disse em tom de brincadeira que estava chateado com o apresentador William Bonner por não tê-lo convidado e criticou a falta de espaço nos noticiários.

Em seu discurso, Boulos prometeu ainda a desapropriação de imóveis vazios para moradias populares. "Pobre também tem direito a morar no centro. Queremos moradia popular no Plano Piloto;.

Ele ainda alfinetou os outros candidatos à corrida presidencial e acusou Henrique Meirelles (MDB) de ter ajudado a ;arrastar o Brasil para o abismo;. Boulos ainda zombou da ;colinha na mão ; de Jair Bolsonaro (PSL) e citou que Álvaro Dias (Podemos), ;com o botox desbotado na cara;, não deveria poder se vender como possibilidade de renovação política.

Sobre a segurança pública, ele classifica que a política de "tiro, porrada e bomba" como adotada na intervenção do Rio de Janeiro é um fracasso. "Mais repressão, mais armamento e mais militarização não é o caminho. Vamos tratar com prevenção e inteligência. Vamos mudar o modelo de polícia para desmilitarização, o que significa na prática uma polícia mais humana".

Mal posicionado nas pesquisas de intenção de voto e questionado se teria chances de ir ao segundo turno, o candidato afirmou estar confiante. "Essa eleição é a mais imprevisível. É dificil saber quem vai ganhar ou quem está na frente com base nessas pesquisas. Não estou interessado em posicionamento, colocações, mas em fazer um governo efetivo", disparou.

Para a estudante de pedagogia da UnB, Iara Pimentel, 23 anos, o encontro diferenciado no bar serviu para aproximar os jovens da política. Ela ainda não se decidiu sobre qual candidato votar. ;O legal é que chega até a gente e acabamos nos interessando. Estou escolhendo ainda em qual candidato votar. Vi pela internet e resolvi vir e saber das propostas. É uma forma de proximidade num ambiente descontraído. Os jovens tem que ocupar a política e debater saídas para a crise do país", diz.


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