O PT vai propor uma reforma dos sistemas bancário e tributário, além da revogação do teto dos gastos, caso vença a disputa presidencial. As propostas contemplam algumas das principais medidas do plano de governo petista, afirmou, nesta terça-feira (14/8), Fernando Haddad, o candidato a vice na chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É a primeira manifestação de um postulante do partido em uma sabatina. As declarações foram dadas em evento organizado pela União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços (Unecs).
Em um discurso carregado por declarações no plural, Haddad fez questão de ressaltar que as propostas são de Lula, dele e do PT. Até ressaltou que a agenda de governo não é de Haddad e de Lula, mas o inverso. Trata-se de uma estratégia para tentar manter viva no eleitorado a ideia que o ex-presidente será o candidato principal do partido. As chances de o petista concorrer como cabeça de chapa, no entanto, são mínimas.
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proferiu o voto decisivo que vetou o habeas corpus a Lula, em abril, assume hoje à noite, às 20h, a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A magistrada tem uma avaliação rigorosa a respeito da Lei da Ficha Limpa. Há quem aposte que a corte eleitoral analise a cassação da candidatura de Lula assim que o PT fizer o registro nesta quarta-feira (15). Caso isso se confirme, Haddad seria o candidato petista, com Manuela D;Ávila (PCdoB) de vice.
Haddad deixou claro que, caso o partido vença as eleições, adotará uma gestão oposta à de Michel Temer na economia. Aproveitou, ainda, para alfinetar o postulante do PSDB, Geraldo Alckmin. "Acho até corajoso da parte dele dizer que vai manter o que Temer fez na parte econômica. Não vejo diferença entre a agenda econômica do Alckmin e do Temer", avaliou Haddad.
Imposto único
Imposto único
A aposta do PT para a economia é encabeçada por uma reforma no sistema bancário. A ideia é que cobrar mais impostos por bancos que cobrarem mais spreads bancários ; a diferença entre o que as instituições financeiras pagam na captação de recursos e o que elas cobram ao conceder um empréstimo. A medida, pondera Haddad, é enfrentar a cartelização no sistema. "Quanto mais o banco cobrar de spread, mais impostos ele vai ter que pagar. O sistema tributário sobre as operações financeiras vai passar a ser regido por uma progressividade", afirmou.
Outro objetivo é uma reforma tributária que unifique impostos em um um único, o IVA. "Vamos criar o IVA e, gradualmente, aumentar a alíquota à medida em que vamos baixando a alíquota de todos os impostos velhos que vão sendo substituídos pelo novo", afirmou. Outra proposta é tributar dividendos para conseguir isentar de Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos.