O apoio do centrão ; grupo de partidos que engloba o PP, o DEM, o PR, o Solidariedade e o PRB ; ao pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB) possibilitará que o tucano tenha o maior tempo de televisão: 7,5 minutos por dia. De acordo com especialistas, a internet será um fator fundamental na corrida eleitoral, mas não substitui o peso dos meios tradicionais de comunicação. O tempo de rádio e tevê deve chegar a cerca de duas horas por dia.
;Somos um país pobre com grande dificuldade de inserção na era digital. Uma parte dos brasileiros só vai ver a propaganda pela televisão. Aí, claro, faz a diferença. Mas não dá para bater o martelo ,porque várias pessoas militam pelos candidatos nas redes sociais, como Lula e Bolsonaro. Essa eleição tem particularidades que ainda não sabemos lidar direito;, conta o professor de Ciência Política da Universidade Federal de Goiás (UFG), Cléber Barbosa.
Jair Bolsonaro (PSL) e Guilherme Boulos (PCdoB) são os mais prejudicados nesta seara. O primeiro, à frente nas pesquisas de intenção de voto, terá oito segundos. ;Essa é a situação de candidatos que vão com uma chapa única, o que ocorre com Boulos e Bolsonaro. Sem alianças, eles simplesmente não conseguem atingir as metas;, opina o professor. Marina Silva (Rede) também será uma das afetadas pela falta de tempo na tevê.
Ivan Ervolino, cientista política e sócio do Siga a Lei, uma startup de monitoramento de contas públicas, declara que, assim como ocorreu em 1989 e em 2002, um candidato com menos tempo de televisão pode vencer a disputa pelo Palácio do Planalto. Apesar disso, ele explica que os concorrentes com pouco espaço nestes meios tendem a ter mais dificuldade de ganhar apoio popular durante a campanha. ;Não podemos subestimar que a internet possibilita muita força para os candidatos. Ela terá um papel importante, mas também não podemos negar a potência da televisão e do rádio, que são meios extremamente presentes para grande parcela da sociedade. A internet é uma opção, mas não tem o peso dos meios tradicionais. Neles, o candidato tem a possibilidade de contar as propostas de campanha para mais gente;, avalia Ervolino.
Próprios recursos
Além do tempo de televisão, os recursos para a campanha eleitoral será fundamental para os candidatos. Pela primeira vez, a eleição não terá participação volumosa de dinheiro dos empresários. A proibição veio do Supremo Tribunal Federal (STF) como resposta aos escândalos de corrupção e troca de favores apontados em investigações de Polícia Federal (PF). Desta maneira, as cifras caíram vertiginosamente em relação a 2014. Para se ter uma ideia, a campanha de Dilma Rousseff (PT) à reeleição custou R$ 318 milhões. Atualmente, o teto para as candidaturas presidenciais é de R$ 70 milhões.
O custos das últimas eleições foi de R$ 5 bilhões. Hoje, o cenário mudou. Um Fundo Eleitoral de R$ 1,7 bilhão foi disponibilizado pelo governo federal para as campanhas. Além dele, os partidos poderão implementar vaquinhas e há, também, a possibilidade de autofinanciamento, o que pode colocar Henrique Meirelles (MDB) um passo à frente dos demais. ;O partido já tem muito dinheiro e, se o ministro injetar ainda mais, conseguirá fazer um trabalho mais especializado e atingir todas as camadas de população;, explica Cléber Barbosa.