Bernardo Bittar
postado em 23/07/2018 06:00
O deputado federal Jair Bolsonaro foi confirmado ontem como candidato do PSL à Presidência da República. Amargurado com a falta de apoio dos partidos, voltou a reclamar de adversários e criticou Geraldo Alckmin (PSDB) mais uma vez, como havia feito no último sábado. Com discurso mais inflamado, o capitão da reserva chorou e disparou muitas frases de efeito. Acenou para as mulheres ; parte da população que mais rejeita seu nome nas pesquisas ;, criticou a imprensa e afirmou ser o ;patinho feio; dessas eleições.
[SAIBAMAIS]Bolsonaro disse que o governo terá realismo para enfrentar as questões do cenário atual e prometeu fundir os ministérios da Fazenda e do Planejamento, assim como os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, ;para acabar com essa briga;. Sobre as privatizações, o presidenciável disse que é a favor de boas parcerias. ;Eu sou o patinho feio nessa história, mas que tenho certeza: seremos bonitos brevemente;, declarou, negando o título de ;salvador da pátria;.
De acordo com Bolsonaro, ;o que está em jogo nesse momento que se aproxima é o destino dessa grande nação chamada Brasil;. Ele também disse causar ;desconforto naquilo que chamam de establishment; e voltou atacar o candidato tucano. ;Quero agradecer a Geraldo Alckmin por ter juntado a nata do que há de pior no Brasil ao seu lado;, repetiu, sobre as alianças de Alckmin com o centrão.
As críticas mostram que Bolsonaro não conseguiu se esquecer do incômodo de ter perdido o PR, de Valdemar Costa Neto ; cujo apoio foi decisivo para colocar o partido rumo a Alckmin; e sinalizam a percepção do parlamentar de que o tucano poderá ter força para disputar o segundo turno. ;Quando assumiu a candidatura, Bolsonaro achava que disputaria com o PT. Seria mais fácil para ele brigar com Lula, cujo partido sofreu com os escândalos da Lava-Jato e vem de um processo de impeachment;, explica o cientista político Carlos Morais, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
;Todos os cenários mostram a possibilidade real de Bolsonaro chegar ao segundo turno. O que ele não quer é ter que se preocupar com Alckmins e Ciros. A briga dele com a esquerda era uma das coisas que balanceava as medidas com Lula. Os próximos passos será colocar a militância para trabalhar, já que o PSL não tem nem dinheiro nem tempo de tevê para competir com os grandes. O negócio, daqui para frente, são as redes sociais;, completou Morais.
Embora tenham grande abrangência na internet, as contas de Bolsonaro são recheadas de seguidores fantasmas. Segundo levantamento divulgado em junho, 33% dos perfis (cerca de 400 mil ;pessoas;) que seguem o Bolsonaro (PSL) são falsos, controlados por computadores.
Vices
Convidados para serem vices de Bolsonaro, o senador Magno Malta (PR) e o general Augusto Heleno (PRP) estiveram na convenção do PSL. A advogada e militante Janaína Paschoal (PSL), outra cotada para ocupar o cargo, também apareceu e fez discurso. Ela ainda não foi oficialmente convidada para compor a legenda com o deputado, mas disse que, caso isso se tornasse realidade, eles formariam uma chapa de peso.
Janaína foi colocada em último plano pelo partido, que tem dificuldades de encontrar alguém para disputar o Planalto junto com Bolsonaro. A união dos dois não traria vantagens de fato (tempo de tevê e dinheiro do Fundo Eleitoral), já que eles são do mesmo partido. A advogada chegou na convenção acompanhada de fãs. Ultimamente, reativou suas contas nas redes sociais e tem postado selfies e comentários com mais frequência. Janaína foi uma das pessoas que protocolou a ação que resultou no impeachment de Dilma Rousseff (PT).
"As mulheres são em grande parte responsáveis pela educação das crianças do nosso Brasil"
;Elas (as mulheres) têm um senso de responsabilidade muito maior do que eu;
;Todos nós viemos de um ventre de uma mulher. Sequer teríamos nascido se não fosse pelo amor delas;
;Eu sou o patinho feio nessa história, mas que tenho certeza: seremos bonitos brevemente;
Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República
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