À frente da Fecomércio Amazonas, entidade que presidiu pela primeira vez em 1986, José Roberto Tadros quer ampliar sua liderança no setor e comandar a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Candidato à presidência da instituição, nas eleições marcadas para setembro, o executivo promete reforçar a inserção do Sistema CNC nos grandes debates, de forma a influenciar a mudança do país, ajudando a alavancar o desenvolvimento econômico e social do Brasil. ;Vamos estimular o empresariado a ter cada vez mais voz na apresentação de alternativas para a tomada das grandes decisões;, diz.
Para Tadros, o empresário do comércio tem uma contribuição fundamental para mover a máquina econômica brasileira. ;Mas, hoje, somos meros pagadores de impostos. Deixamos de ser parceiros;, lamenta. Se for eleito, promete que entidade contribuirá na formulação de estudos e proposições práticas para o setor promover a abertura de mais postos de trabalho e ampliar o retorno do lucro às empresas. ;Ampliaremos o diálogo com os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo e não pouparemos esforços para preservar os interesses do Sistema, que tanto tem feito pelo país;, afirma.
Confira os principais trechos da entrevista concedida ao Correio:
O que mudará na gestão da CNC se o senhor for eleito?
Primeiro, preciso deixar claro meu profundo respeito e reconhecimento pelo caminho que a CNC trilhou. A diferença transformadora que promoveu na vida de milhões de pessoas. Gerações inteiras que só tiveram acesso ao lazer de qualidade, à cultura e a espetáculos de alto nível, à assistência à saúde, à educação de qualidade e ao turismo social graças à presença pujante do Sesc. E o acesso à formação profissional de qualidade pela capilaridade do Senac. Mas temos caminhos para fazer mais. O poder público partiu de uma visão equivocada sobre o papel do empresariado. Deixamos de ser parceiros. Felizmente, isso está começando a mudar. É preciso aumentar o fluxo de negócios ; interna e externamente ; e melhorar as condições de renda do trabalhador, porque essa massa salarial é consumidora.
Qual o papel da CNC no debate econômico e na recuperação do país?
Como a economia terciária representa mais de 70% do PIB e garante a maioria dos empregos gerados, a CNC precisa reforçar a presença e a contribuição na recuperação do país, em conjunto com os demais segmentos. Não podemos nos omitir e tampouco deixar de estar em consonância com a realidade.
A CNC está fora dos grandes debates?
Não digo que está fora. Mas, a partir do momento em que me elegerem, estaremos, ;ainda mais dentro; dos grandes fóruns de debate e de tomada de decisões. A CNC será fundamental para a volta do crescimento do país e do orgulho nacional.
Como o senhor analisa denúncias de corrupção, como a verificada na Fecomércio-RJ, por exemplo? Vai combater esse tipo de desvio de que forma?
Nós temos uma série de mecanismos para combater desvios. Temos um conselho fiscal nacional, auditorias permanentes, CGU (Controladoria-Geral da União) e TCU (Tribunal de Contas da União). Nossas entidades foram ágeis, como mostramos no Rio de Janeiro, onde substituímos uma gestão imprópria por um interventor que está fazendo um trabalho revolucionário. Não toleraremos irregularidades.
O comércio foi afetado pela crise. Como reverter isso?
Não podemos ser capitalistas envergonhados, como se houvesse outro sistema melhor. Não há. Mas é preciso respeitar o trabalhador, com salários dignos que permitam um ciclo virtuoso, no qual todos ganhem. Diminuindo o tamanho do Estado e reduzindo a corrupção. Ou, se possível, exterminando-a e coibindo os excessos de órgãos reguladores. O empresariado nacional é tolhido por burocratas, que não conhecem como funciona uma empresa e não entendem que o lucro de hoje é o investimento do amanhã, é o novo emprego do amanhã. Trabalharemos para reduzir o intervencionismo do Estado, que deve estimular, não atrasar o desenvolvimento. Precisamos ter uma economia com crescimento estável e a segurança de que não aparecerão pessoas com fórmulas mágicas para dirigir o país.
Quais projetos do Congresso podem influenciar positivamente o comércio?
Gostaria que os projetos debatidos no Congresso Nacional fossem no sentido de desamarrar a economia, de tal forma que o empresário possa empreender e contribuir para aperfeiçoar leis de modo que as regras sejam seguras. Não podemos administrar uma empresa em constante instabilidade. As regras do jogo mudam demais. Isso inibe o investidor.
As eleições presidenciais influenciarão o comércio?
O pior de tudo, como sempre, é a indefinição. A economia não alavancou ainda, em boa parte, pela indefinição. Pela falta de opções seguras e pelo medo permanente de experimentos. O Brasil não é um laboratório de experiências de políticos e economistas de plantão.
O senhor tem um candidato preferido?
Meu candidato preferido é aquele que pense no Brasil, defenda a livre empresa e o sistema democrático, reduza o tamanho do Estado e veja o lucro como uma coisa indispensável e benéfico para alavancar o desenvolvimento econômico, criando emprego e gerando renda e tributos.
O senhor é favorável à reforma da Previdência?
A reforma da Previdência é indispensável. A maior parte dos países do primeiro mundo já a fizeram. Por quê? Porque a expectativa de vida cresceu. Hoje, está próxima dos 80 anos. Então há que se reestruturar o sistema previdenciário, sob pena de o Brasil quebrar.
Como o comércio encara a mudança de hábito dos consumidores, que compram cada vez mais pela internet?
O comércio tem de estar onde o consumidor quer. Se ele compra pela internet, estaremos na internet. Mas grande parte dos consumidores prefere o olho no olho. A internet é uma fabulosa força auxiliar, mas não destrói o comércio, que nunca acabará. Sair às compras é quase uma terapia.
O senhor é favorável à alternância do poder em entidades como a CNC?
A CNC tem eleições de quatro em quatro anos. Precisamos estar abertos às mudanças. Vamos ouvir o que a maioria quer. Sentar, olhar com muito cuidado o que se pretende fazer e analisar, pois essa é a decisão de um colegiado. Não é uma decisão pessoal. A maior parte dos presidentes, que estão à frente das instituições, estão em seus cargos há 10, 15, 20 anos, de maneira que isso representa um objeto de debate. O que lhes garanto: o que for decidido de forma democrática pela maioria será acatado.