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Cristiane Brasil é alvo de investigação de fraude; buscas no DF e no Rio

Os indícios da participação de Cristiane Brasil no esquema de fraude no MTE foram descobertos a partir da análise de telefones celulares de Renato Araújo Júnior, um dos alvos da primeira etapa da Operação Registro Espúrio

Jacqueline Saraiva
postado em 12/06/2018 06:54

Cristiane Brasil

Pela segunda vez, a Polícia Federal (PF) foi às ruas para cumprir ordens judiciais, a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em . O alvo desta segunda fase da Operação Registro Espúrio é a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do presidente do PTB Nacional, Roberto Jefferson. Segundo o órgão, ela é suspeita de participação na organização criminosa que atua na concessão fraudulenta de registros sindicais.

Nesta terça-feira (12/6), agentes da PF cumpriram, em Brasília e no Rio de Janeiro, três mandados de busca e apreensão, determinados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF): no gabinete e no apartamento funcional da parlamentar, em Brasília, e também em um endereço dela no Rio de Janeiro. "Além das buscas, a pedido da Policia Federal e da PGR, serão impostas medidas cautelares consistentes em proibição de frequentar o Ministério do trabalho e de manter contato com os demais investigados ou servidores do Ministério", afirmou a PF em nota.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), os indícios da participação de Cristiane Brasil no esquema de fraude no Ministério do Trabalho foram descobertos a partir da análise de telefones celulares de Renato Araújo Júnior, um dos alvos da primeira etapa da operação.

Foram encontradas trocas de mensagens entre a deputada e o agente público, que seria seu braço direito no MTE. "Além de orientar o servidor em relação a como agir na análise de pedidos, há inclusive mensagens que tratam da cobrança de valores previamente combinados", afirmou o MPF. Em algumas mensagens de texto, a investigação aponta referências também a Roberto Jefferson.


De acordo com o Ministério Público Federal, pela decisão, Cristiane Brasil está proibida de frequentar o MTE e de manter contato com os demais investigados. Cristiane Brasil afirmou ter ficado "surpresa" por ser alvo da segunda fase da Operação Registro Espúrio. Segundo a deputada, ela "não tem papel nas decisões tomadas pelo Ministério do Trabalho". "Espero que as questões referentes sejam esclarecidas com brevidade e meu nome limpo", disse.

Policial aguarda na porta do gabinete de Cristiane Brasil: busca e apreensão

Prisões e buscas na Câmara

prendeu, no fim de maio, o ex-secretário executivo do Ministério do Trabalho, Leonardo Arantes, sobrinho do líder do partido na Câmara dos Deputados, Jovair Arantes (PTB-GO). Exonerado do cargo, . Além dele e do líder petebista, o presidente nacional do partido, Roberto Jefferson, também é investigado na operação, assim como os deputados Paulinho da Força (SD-SP) e Wilson Filho (PTB-PB). Todos negam as acusações.

Os gabinetes dos deputados Paulinho da Força (Solidariedade-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB) foram alvo de buscas. Houve buscas também no Ministério do Trabalho, nas sedes nacionais de dois partidos políticos e de centrais sindicais.Além da capital federal, as buscas foram realizadas em São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. No total, o Supremo expediu 64 mandados de busca e apreensão, 15 de prisão temporária e 8 de prisão preventiva.

O inquérito, instaurado há pouco mais de um ano, evidenciou a existência de um esquema criminoso estruturado em cinco núcleos de atuação: administrativo, político, sindical, captador e financeiro. A investigação apontou pagamentos que envolviam valores que chegaram a R$ 4 milhões pela liberação de um único registro sindical.

Deputada enrolada

Em janeiro, a deputada Cristiane Brasil esteve em destaque nos noticiários após ser indicada pelo pai para assumir o comando do Ministério do Trabalho após a saída de Ronaldo Nogueira. Cristiane foi alvo de muitas críticas e teve a posse barrada pela Justiça, por ter sido condenada em dois processos trabalhistas.

A situação ficou ainda mais crítica , ao lado de quatro homens em um barco, em que ela dizia que não achava que "tinha nada para dever" aos dois ex-motoristas que a processaram. À época, as imagens causaram mal-estar dentro do PTB. Cristiane Brasil divulgou uma nota depois, afirmando que a gravação e a divulgação do vídeo teria sido uma "manifestação espontânea de um amigo, utilizada fora do contexto."

O Ministério do Trabalho passou um mês com uma ministra nomeada, mas sem condições de ser empossada. O cenário ficou ainda pior porque o governo insistiu no nome, . Só então, o atual ministro, Helton Yomura, ocupou o lugar. Ele também tem ligações com a deputada.

Com informações da Agência Estado


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