A população que assistiu atônita ao crescimento da paralisação dos caminhoneiros e passou o fim de semana vendo os reflexos dela na televisão foi apresentada à figura do ministro Carlos Marun. Grandalhão, de fala contundente, ele apareceu em horário nobre exercendo sua especialidade: trombar de frente com os problemas do governo, razão pela qual é conhecido como "pitbull" do presidente Michel Temer.
Desde que chegou ao Palácio do Planalto, em dezembro passado, Marun tem atuado como porta-voz para temas difíceis. Por exemplo: em março, ameaçou apresentar pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, alegando atuação político-partidária do magistrado. Barroso revogou um decreto de indulto natalino assinado por Temer. E autorizou a operação da Polícia Federal que levou à prisão pessoas muito próximas do presidente.
Com a chegada de Marun, o presidente dispensou até o porta-voz oficial do Planalto, o embaixador Alexandre Parola, transferido para o comando da EBC. Na crise dos caminhoneiros, Marun apareceu em todas as entrevistas. Não raro, atropelou colegas para dar sua versão. E, às vezes, mais confundiu do que explicou
No domingo (27/5), passava das 22h quando ele deu entrevista, após pronunciamento de Temer. Marun informou que o pacote de concessões feitas aos caminhoneiros teria impacto de R$ 10 bilhões aos cofres públicos, quando a conta é de R$ 13,5 bilhões
Perto da meia-noite de sábado (26/5), após reunião no Palácio dos Bandeirantes para tratar do fim da cobrança de pedágio por eixo suspenso dos caminhões, ele deixou pouco espaço para o anfitrião, o governador de São Paulo, Márcio França.
Com as ações da Petrobrás afetadas pela suspeita de intervenção do governo na política de preços, Marun colocou lenha na fogueira ao negar que haveria reajuste na gasolina. "O reajuste que existia, não existe mais." Sua assessoria correu para esclarecer que ele buscava desmentir uma notícia falsa. Ele ainda afirmou que a questão do preço da gasolina "está no radar" do governo.
Marun fez carreira rápida na política em Brasília. Chegou ao Congresso em 2015 e logo passou a integrar a "tropa de choque" do então presidente da Casa, Eduardo Cunha (MDB-RJ). Mesmo com a impopularidade do governo, optou por permanecer na equipe de Temer. Não saiu nem para concorrer a cargo eletivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.