Jornal Correio Braziliense

Politica

Marina Silva e quatro ex-ministros repudiam novo presidente do ICMBio

Além da pré-candidata à presidência, assinam o documento Carlos Minc, Izabela Teixeira, José Carlos Carvalho e José Goldenberg

A candidata à Presidência da República Marina Silva e outros quatro ex-ministros do Meio Ambiente enviaram carta ao presidente Michel Temer repudiando a indicação de um apadrinhado político para a vaga de presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Eles querem que Temer reconsidere a nomeação de Cairo Tavares, 31 anos, considerada uma barganha política. Neste domingo (27/5), servidores do Instituto fecharam o Parque Nacional de Brasília, onde fica a Água Mineral, em protesto.

O documento é assinado, além de Marina, por Carlos Minc, Izabela Teixeira, José Carlos Carvalho e José Goldenberg. Em um dos trechos, os ex-ministros afirmam que "o ICMBio cuida do patrimônio (natural do país) com recursos materiais e humanos escassos, amparado na dedicação e na competência de seus quadros. Jamais, nesses 12 anos, a presidência do Instituto foi ocupada por pessoas estranhas à agenda da conservação. Seria trágico se isso acontecesse agora".

Não há nenhuma movimentação política na peça, assinada neste domingo, segundo os ministros. "Esta carta é assinada por pessoas de linhas partidárias e posições políticas e ideológicas distintas. O que nos une é o entendimento de que proteção ambiental é uma política de Estado indissociável das outras dimensões econômicas, sociais e culturais que compõem nossa identidade e nosso potencial de crescimento sustentável."

[SAIBAMAIS]Cairo Tavares, 31 anos, é assessor legislativo do Partido Republicano da Ordem Social (Pros) na Câmara dos Deputados. Ele teria sido indicado ao cargo pelo presidente da legenda, Eurípedes Junior, investigado pela Lava-Jato por recebimento de propina. A movimentação é tratada pelos servidores do ICMBio como uma barganha política, já que faz parte dos planos governistas se unir aos partidos nanicos para tentar ganhar musculatura.

Manifestação


A entrega da carta no Palácio no Planalto ocorreu no mesmo dia em que dezenas de servidores do ICMBio fecharam o Parque Nacional de Brasília, onde fica a Água Mineral. Eles foram trabalhar normalmente mas não abriram os portões para o público. Segundo o presidente da Associação dos Servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Distrito Federal (Asibama-DF), Jonas Corrêa, a ideia era pedir um socorro à sociedade. "Precisamos dessa ajuda, precisamos que as pessoas atendam ao nosso chamado. Não é qualquer pessoa que consegue cuidar do ICMBio. Você precisa de experiência", disse ao Correio.

O ICMBio controla 300 Unidades de Conservação no país, o que corresponde a 10% do território nacional. Pelas contas do Asibama-DF, são cerca de 1,6 mil servidores concursados e há outras centenas de comissionados. ;Não é qualquer pessoa que consegue tomar conta dessa estrutura. Precisamos de alguém especializado;, reforça Jonas Corrêa.

Defesa


Amigos de Cairo Tavares saíram em defesa dele nas redes sociais. Em texto compartilhado no WhatsApp, disseram que ele ;tem uma ligação direta com os temas da sustentabilidade e participação relevante na articulação de um seminário sobre o Crescimento das Energias Renováveis, por meio da Câmara dos Deputados, que congregou entidades, associações, técnicos, especialista e parlamentares sensíveis ao tema de todo país;.

Para tentar fortalecer o argumento, também publicaram os elogios nas redes sociais. "Cairo Tavares acumula uma relevante trajetória e experiências profissionais que incluem a participação no Plano de Governo de candidatura à Presidência da República, participação de movimentos contra retrocessos na questão ambiental como o Código Florestal, em 2012".

Procurado pela reportagem, o presidente do Pros, Eurípedes Junior, não foi encontrado, a assessoria do parlamentar disse que ele estava viajando. Representante da fundação do partido, Felipe Espírito Santo, diz que Eurípedes não tem relação com a indicação de Cairo Tavares.