Alvo de investigações, o presidente Michel Temer (MDB) tem feito duras críticas à Polícia Federal, em que diz ser alvo de perseguição política. ;É preciso responsabilidade no cargo para não ameaçar o exercício dos investigadores;, disse o presidente da Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, em entrevista ao CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília.
Segundo Paiva, a pressão que o presidente exerce se assemelha a uma ameaça. ;Quando ele faz acusações tão fortes, inclusive dizendo que seriam punidos os delegados que investigam o caso, ele exerce uma pressão acima do normal na Polícia Federal;, disse. ;Para mim, soa como ameaça.;
Os questionamentos de Temer poderiam ser protocolados aos autos, de ;maneira natural;, segundo o dirigente da ADPF. ;O presidente tem advogados;, disse.
Temer alega que, se houvesse indícios fortes, já estaria indiciado, daí ele se dizer vítima de perseguição. Para Paiva, faz parte da narrativa de defesa do presidente ;dizer que a investigação não dará em nada e que é perseguição. O que não faz parte é ameaçar o delegado responsável e gerar constrangimentos. O Brasil quer saber se o presidente tem envolvimento ou não, e a PF dará a resposta;, assegurou.
A parte mais difícil de investigar casos de corrupção, segundo o presidente da ADPF, é a caneta. ;Investigar quem tem o dinheiro e a caneta é muito difícil. A corrupção existe em muitos lugares, inclusive na Noruega. O que os diferencia é se as instituições são fortes e funcionam;, afirmou.
*Estagiária supervisionada por Rozane Oliveira