Agência Estado
postado em 29/04/2018 20:00
O presidente Michel Temer decidiu cancelar a viagem que faria pelo Sudeste Asiático na próxima semana. O roteiro já havia sido encurtado, mas, neste domingo, 29, o Palácio do Planalto começou a desmobilizar a equipe que acompanharia o presidente.
Esta é a segunda vez que Temer cancela a visita que faria a países da região. Em janeiro, ele desistiu de viajar por recomendação médica, depois de passar por procedimentos cirúrgicos para desobstruir a uretra.
A decisão de Temer permanecer no País ocorre no momento em que as investigações sobre o inquérito dos portos avança sobre familiares do presidente. Na próxima quinta-feira, uma das filhas de Temer, Maristela, vai prestar depoimento no inquérito que apura as suspeitas de corrupção em empresas do setor portuário. As suspeitas dos investigadores é de que uma reforma na casa dela tenha sido utilizada para lavar dinheiro de propina destinada ao emedebista.
Explicação oficial
O Planalto, no entanto, nega qualquer relação com as investigações. O motivo oficial para o cancelamento é o longo tempo que ele permaneceria fora do País e as consequências que isso traria para projetos importantes que o governo precisa aprovar na próxima sessão do Congresso, marcada para o dia 2.
Caso Temer deixasse o País, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), também teriam que sair do Brasil para não ficarem inelegíveis, já que ambos planejam disputar a eleição deste ano. E isso poderia afetar as negociações no Parlamento.
"Considerando o longo tempo de viagem, a importância de votações e de decisões a serem tomadas nos próximos dias e o fato de que o seu afastamento traria a necessidade de que também se afastassem do país os presidentes da Câmara e do Senado Federal, por serem candidatos na próxima eleição, o presidente Temer decidiu não mais realizar a viagem que faria a partir do dia 05/05 ao Sudeste Asiático", informou o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, à reportagem.
A principal preocupação do Palácio do Planalto seria, segundo interlocutores, a apreciação de um projeto de lei que abre crédito suplementar no valor de R$ 1,164 bilhão para reforço da lei orçamentária. Os recursos extras têm a função de cobrir dívidas não honradas pela Venezuela e Moçambique em empréstimos pelo BNDES e bancos internacionais que têm como avalista o Fundo de Garantia à Exportação (FGE), vinculado ao Ministério da Fazenda.