Duas pessoas ficaram feridas após disparos contra o acampamento pró-Lula instalado em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba na madrugada deste sábado (28/4). Segundo informações do PT, as vítimas foram atingidas após o grupo ouvir cerca de 20 disparos contra a vigília.
Jeferson Lima de Menezes ficou gravemente ferido no pescoço e segue internado no Hospital do Trabalhador. Ele não corre risco de morte. A outra vítima, uma mulher, foi ferida no ombro por estilhaços de um tiro que atingiu um banheiro químico. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, os disparos foram feitos por uma pessoa a pé.
Peritos da Polícia Cientifica do Paraná, policiais militares e da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, estiveram no local e recolheram cápsulas de pistola 9 mm, comprada originalmente por forças policiais. Foi aberto um inquérito para apurar o caso.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) condenou os ataques e atribuiu a ação "àqueles que incitam o ódio em seus discursos". "Mais de 20 tiros foram dados no acampamento. A situação de violência e intolerância no país está muito grave. Nós não podemos aceitar isso, que vem num rastro de violência contra os movimentos sociais, os movimentos de esquerda;, afirmou.
[VIDEO1]
Mesmo diante do ataque e das ameaças, os militantes continuarão acampados. Em entrevista coletiva, o ex-deputado Florisvaldo Fier (PT), mais conhecido como doutor Rosinha, afirmou que os manifestantes só vão deixar Curitiba quando Lula for solto. "A gente nota que vários carros passam xingando as pessoas durante dois, três dias seguidos", afirmou. O parlamentar declarou que "um dos grandes problemas é gente como um candidato à presidente da República, que prefiro nem falar quem é, ficar nessa coisa de apologia à violência" ; uma referência a Jair Bolsonaro (PSL).
Após o atentado, a presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Regina Cruz, afirmou que câmeras de vigilância serão instaladas nos acampamentos. Assustado, o ativista Márcio Kieller disse ao Correio que o clima é de indignação. "As pessoas estão chocadas com esse atentado. Ali tem muita gente boa, muita família, não há razão para alguém sair disparando nos outros;, explica.
[VIDEO2]
O acampamento
Há dois acampamentos pró-Lula em Curitiba. O alvo de ataque foi o batizado de Marisa Letícia, maior, em um lote particular nos arredores da sede da Polícia Federal. O outro, chamado de Lula Livre, fica na chácara de um sindicato e é considerado mais seguro pelos manifestantes.
Desde a prisão do ex-presidente Lula, em 7 de abril, grupos de apoiadores se dividem em vigílias. O grupo, composto por movimentos sociais, afirma que está preparado para ocupar o espaço por meses e diz que pretende ocupar o local até que o ex-presidente seja solto. Para manter a mobilização, eles organizam atos frequentemente. O próximo está marcado para o feriado de 1; de Maio, Dia do Trabalhador.